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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Ministro da Fazenda se reúne com pesquisadores do FGV IBRE, no Rio de Janeiro

Fernando Haddad diz que decisões da pasta visam colocar ordem nas contas o mais rapidamente possível e recompor perdas de carga tributária

 

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu nesta segunda-feira (5/2) com pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), na sede da instituição, no Rio de Janeiro. Haddad traçou um panorama do atual cenário macroeconômico e abordou os desafios colocados para o país. Ele iniciou sua exposição destacando que o país enfrentou um histórico de anos de desajustes na área fiscal, o que está sendo agora corrigido, com uma série de medidas executadas desde o início de 2023.
 

Entre diversos exemplos de desajustes, Haddad citou a exclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da base de cálculo do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), caso conhecido como a “Tese do Século”. Segundo o ministro, só esse ponto ocasionou “uma conta de 5% do PIB na mesa do ministro da Fazendo do dia para a noite; fora o fluxo que diminuiu quase 20%”.
 

Entre ações recentes tomadas pelo governo para reequilibrar as contas públicas, o ministro lembrou do envio da Medida Provisória nº 1.185/2023 ao Congresso, convertida na Lei nº 14.789/2023, que passou a disciplinar o abatimento do ICMS da base do cálculo do IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Outra providência foi o encaminhamento da Medida Provisória nº 1.202/2023, que contém um conjunto de medidas na área tributária necessárias para permitir ao país equilibrar as contas públicas e atingir déficit zero em 2024.
 

Haddad falou ainda sobre outras providências adotadas, como a retomada do voto de qualidade no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Em 2020, uma alteração nas regras havia retirado do governo a prerrogativa de dar o voto decisivo durante os julgamentos do Conselho, acarretando em prejuízos anuais à Fazenda Nacional estimados em R$ 59 bilhões. Em setembro do ano passado, foi sancionada a Lei nº 14.689/2023, revertendo essa situação.
 

Segundo o ministro, as decisões que vêm sendo tomadas pelo governo visam “tentar colocar ordem nas contas o mais rapidamente possível”. Para o ministro, o marco fiscal garante resultados no médio prazo, mas não soluciona os desafios de curto prazo.
 

“Temos um desafio grande de convencer o Congresso e colocar ordem nessas contas, porque vai ser bom para todo mundo: os juros vão continuar caindo; o crescimento da economia vai fazer com que o ajuste se acelere; poderemos olhar decisões tópicas que, somadas, vão recompondo uma base fiscal mais sólida”, ressaltou o ministro.
 

Haddad apontou que o Plano de Transformação Ecológica trará desenvolvimento econômico e social ao País, com componentes muito fortes de preservação ambiental e de tecnologia, levando em consideração as vantagens competitivas nacionais.
 

No campo do Legislativo, o ministro citou que a agenda é investir na aprovação de alguns projetos que estão maduros, como a nova lei de seguros, a Agenda de Reformas Financeiras, proposta pelo secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto; alteração de alguns dispositivos da Lei de Falências; além das Leis Complementares da Reforma Tributária, para fechar a regulamentação das mudanças da tributação sobre o consumo (conforme aprovado no ano passado).
 

“Tenho também ponderado ao presidente Lula que a reforma do Imposto de Renda, que a rigor poderia ser feita por Medida Provisória, exige discussão com a sociedade, para então enviarmos a proposta mais amadurecida ao Congresso. Mas é para este ano”, afirmou Haddad.
 

Ao encerrar, o ministro reforçou que a recuperação da peça orçamentária é fundamental, como instrumento estratégico de indução de boas práticas e higidez macroeconômica. “Tributo e crédito são dois pilares macroeconômicos aos quais se deu pouca atenção. Há muito espaço para melhorar. Não é possível o Brasil, com as vantagens que tem, crescer menos que a média mundial. Nós podemos crescer igual ou mais”, finalizou Haddad.

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