Foto: Arquivo/Agência Brasil |
A Unicef Brasil considera urgente atacar o problema do analfabetismo de crianças, que segundo os últimos dados disponíveis afeta 56% das crianças de 07 e 08 anos no ensino público brasileiro, disse à Lusa uma responsável da organização.
A poucos dias do regresso às aulas no maior país e aquele com a economia mais pujante da América Latina, a oficial de educação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Julia Ribeiro, disse à Lusa ser necessário que a sociedade não aceite mais “que uma criança até aos 8 anos de idade não esteja alfabetizada”.
“É mais que urgente endereçar esse problema, que já era um problema ainda antes da pandemia e que foi agravado pela pandemia”, frisou.
“É preciso investir em estratégias que olhem para as crianças que estão agora em idade de alfabetização, mas que existam também ações com foco especial para aquelas que não conseguiram aprender durante a pandemia e ficaram para trás”, disse.
Dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), de 2021, demonstram que 56,4% das crianças que frequentavam o segundo ano da primária das escolas públicas não foram alfabetizadas.
“Tivemos um aumento significativo na pandemia da covid-19, mas é importante ressaltar que esse já era um problema muito grave no nosso país”, afirmou Julia Ribeiro, referindo-se aos dados de 2019, que indicavam que “quatro em cada dez crianças não estavam alfabetizadas” no segundo ano da primária.
O relatório do SAEB é realizado de dois em dois anos e a Unicef Brasil tem a expetativa de que os dados referentes a 2023 possam ser divulgados até junho deste ano.
Agora, sublinhou, é necessário “garantir que cada criança e cada adolescente volte para a escola, que tenha acesso a educação” e “olhar para a aprendizagem a partir do processo de alfabetização”.
Segundo a responsável, o ciclo de alfabetização incompleto tem um impacto significativo na trajetória escolar do aluno, já que são incapazes de compreender e acompanhar as atividades escolares, são sendo reprovados e aumenta a probabilidade de “abandonar a escola”.
Na sua opinião, e de forma a atacar este problema, é necessário o investimento de “práticas pedagógicas que sejam eficazes, que olhem para os meninas e meninas que estão em fase de alfabetização, mas que olhem também para aqueles que não aprenderam na pandemia e ficaram para trás”, numa recomposição da aprendizagem para as crianças que estão no terceiro e quarto ano da primária.
Além disso, deve ser feito um investimento em formação continuada dos professores, dos gestores escolares, “fortalecer e melhorar as propostas curriculares das atividades pedagógicas”, sublinhou, acrescentando que este é um esforço coletivo que tem de ser feito por toda a sociedade brasileira.
A escola precisa “desenvolver ações voltadas para a alfabetização, compreendo que cada criança tem capacidade para aprender”, frisou.
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