Para Cristina Godoy, há muitas questões éticas relacionadas ao uso da inteligência artificial
Mesmo com o avanço da tecnologia, ainda é necessário que humanos revisem o conteúdo criado – Foto: Pixabay/geralt |
Por Filipe Capela - Jornal da USP
A inteligência artificial, mais conhecida como IA, já é uma realidade. O que um dia era encontrado apenas nos livros de ficção científica se tornou parte do nosso cotidiano. De assistentes virtuais à IA utilizada na indústria, a inteligência artificial se torna cada vez mais presente em setores inimagináveis há alguns anos. Dentre eles, o Direito, em que a junção entre homem e máquina está sendo tão discutida que já possui até nome: Direito Instantâneo.
Muitas vezes criticado pela demora no andamento dos processos, o Direito Instantâneo seria a solução de muitos desses problemas. Com a IA generativa, ou seja, inteligência artificial que a partir de um banco de dados seria capaz de criar novas imagens, textos e documentos, um novo paradigma para o setor é possível, diminuindo o tempo entre o pedido e o documento pronto. Todavia, apesar da expectativa de alguns profissionais da área, essa perspectiva positiva no uso de IA no Direito não é um consenso.
Trabalho ainda é necessário
Para além de questões éticas, Cristina destaca que, mesmo que o uso da IA seja seguro, ainda é necessário a revisão humana. “Você pode usar esse recurso, mas ele ainda comete muitos erros, nós sabemos que as IAs generativas são passíveis de alucinação, então tudo isso ainda exige que o advogado revise os documentos e textos feitos por essas ferramentas.”
Todavia, Cristina reconhece que a IA pode ser uma boa aliada. “Eu vejo benefícios, ela pode fazer resumos, traçar linhas do tempo dos casos, ajudar a identificar determinados documentos, mas sempre nessa perspectiva de ajuda, de facilitar.”
Empregos não estão em xeque
Cristina argumenta que, devido aos problemas relacionados ao uso ético e prático dessas ferramentas de IA, o Direito Instantâneo está longe de ser um fato. “Eu não vejo essa possibilidade do Direito Instantâneo. Nós temos muitas questões éticas relacionadas, não sabemos para onde esses dados vão e muito menos como eles são computados e, para além disso, temos questões práticas.”
Cristina completa afirmando que, por conta disso, ela não vê a IA tomando os postos de trabalho dos profissionais da área. “Eu não vejo os profissionais perdendo os seus empregos para as IAs em um futuro próximo. O que pode acontecer é alguns profissionais perderem seus empregos por não se manterem atualizados, mas para as IAs eu acho difícil.”
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