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sexta-feira, 22 de março de 2024

Brasil sediará primeiro laboratório de biossegurança máxima da América Latina

Localizado no Complexo Orion, em Campinas, a estrutura do tipo NB4 permitirá estudo e manipulação de vírus com alto risco de transmissão e mortalidade

Arte conceitual do complexo laboratorial Orion – Foto: Divulgação/CNPEM


Por Julio Silva - Jornal da USP


Até 2026, o Brasil irá inaugurar o Orion, complexo laboratorial que está sendo desenvolvido em Campinas e contará com o primeiro laboratório de biossegurança de nível NB4 da América Latina. Esse é o grau de segurança mais alto que uma estrutura desse tipo pode atingir e esses locais possuem a infraestrutura necessária para serem estudados e manipulados vírus com alto grau de transmissibilidade, que podem colocar em risco a vida de operadores e da comunidade. 


O novo laboratório brasileiro será implantado no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. As duas instituições firmaram acordo com o Instituto Roberto Koch, da Alemanha, para o desenvolvimento do projeto e colaboração de pesquisas futuras entre os dois países. Ana Márcia de Sá Guimarães, professora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo, analisa os diferentes níveis de biossegurança dos laboratórios e quais são os tipos de patógenos trabalhados neles.


Nível de laboratório


Segundo a especialista, os laboratórios de biossegurança variam do nível 1 ao 4, dependendo do quão perigoso são as doenças causadas pelos patógenos manipulados dentro desses ambientes em termos de transmissão e grau de risco de infecção. Ela conta que os níveis mais superiores, 3 e 4, normalmente existem para prevenir a transmissão de patógenos transmitidos por vias aéreas que podem contaminar o ambiente externo.


“Eles vão ser divididos baseados em quão sério é a doença que é causada por esses patógenos, então, quando você vai para um nível 4, estamos falando de patógenos que causam doenças muito sérias, com alto perigo de transmissão comunitária e que não se têm tratamentos ou vacinas disponíveis para  prevenir e tratar. Os vírus trabalhados dentro do NB4 são vírus do tipo lassa, ebola, nipah e alguns tipos de arenavirus”, relata.


Futuras epidemias


De acordo com a professora, essas estruturas de alta biossegurança serão fundamentais no combate a futuras epidemias e pandemias, tanto para atender à emergência quanto para a prevenção de novos surtos através da vigilância ativa. Ela explica que esse monitoramento é feito de maneira contínua por um conjunto de pesquisadores e cientistas que observam e estudam os diferentes tipos de vírus para acompanhar possíveis evoluções e mutações genéticas.


“Você precisa de um local para poder processar isso, porque você pode estar diante do caso zero de alguma coisa, então é importante ter essa estrutura laboratorial com um NB4 e também todos os NB3, que ajudam bastante com tudo que possuem. Então vai poder ser estudado mais a fundo esses vírus para desenvolver vacina, tratamento, para estudar a patogenia da doença, como que a doença se desenvolve, então isso tudo é importante”, analisa. 

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