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sexta-feira, 22 de março de 2024

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Projeto de lei coloca em risco biomas como o Cerrado e a Mata Atlântica

Aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, PL 364/2019 flexibiliza o desmatamento de 50,6 milhões de hectares de vegetação nativa no Brasil

 

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Foto: Arquivo/Agência Brasil

O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) demonstra preocupação com a aprovação do Projeto de Lei 364/2019 na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Além de seu claro risco ambiental, contribuindo para o desaparecimento de biomas fundamentais para o país, como o Cerrado e a Mata Atlântica, o projeto coloca em risco a viabilidade econômica do agronegócio brasileiro, que lidaria com um clima cada vez mais hostil e imprevisível.

 

Ao liberar a exploração de mais de 50 milhões de hectares de vegetação nativa, facilitando a exploração das áreas remanescentes de Cerrado e matas ciliares, o projeto ignora a importância desses ecossistemas para o abastecimento. Sem a água produzida nessas áreas, perdemos chuva, geração de energia, empregos e alimentos.
 

Estudo do IPAM mostra que 50% dos municípios abrigados no Cerrado já perderam pelo menos 30% da superfície de água nos últimos 30 anos. Dados divulgados pelo SAD Cerrado nesta sexta-feira (22) revelam que o bioma tem reduzido sua capacidade de absorção e retenção de água por conta da perda de vegetação nativa, elevando o risco hídrico de 373 municípios.
 

O prejuízo ambiental e climático que seria permitido pelo projeto acelerariam a catástrofe ambiental, aproximando o Brasil do ponto de não retorno em todos os biomas.

 

Além disso, o PL se apega à visão limitada de que apenas com a abertura de novas áreas se pode ganhar mais dinheiro no Brasil. Ao subestimar a produção de ponta que existe no País, perdemos a oportunidade de liderar o novo mercado de agropecuária sustentável e bioeconomia, que cresce rapidamente em todas as partes do mundo.
 

O Brasil só tem a ganhar com a conservação de sua vegetação nativa. Nossas matas preservam de pé uma riqueza inimaginável, evitando o colapso ambiental e apontando o caminho para um futuro em que os serviços desempenhados pela biodiversidade sejam não apenas valorizados, mas entendidos como a chave para o desenvolvimento brasileiro e nosso tesouro mais precioso.

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