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segunda-feira, 15 de abril de 2024

Eficiência energética x ineficiência política da Petrobras



Murillo Torelli é professor de Contabilidade Financeira e Tributária no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).


É como assistir a um incêndio se alastrando lentamente, enquanto os responsáveis por controlá-lo parecem mais interessados em jogar mais gasolina e diesel na fogueira do que em apagá-lo. A Petrobras, outrora símbolo de excelência e eficiência, agora se vê refém de uma ingerência governamental que parece disposta a sacrificar a empresa em prol de interesses políticos, fato que já tivemos no passado.

 

A defasagem nos preços da gasolina e do diesel é apenas a ponta do iceberg. Há quase seis meses sem reajustes, a estatal enfrenta pressões políticas que a impedem de agir de forma independente. Enquanto isso, os custos de importação dispararam e a empresa se vê cada vez mais acuada por uma política de preços errática e populista.

 

A mudança de estratégia adotada em maio do ano passado, abandonando a política de paridade de importação, foi o primeiro sinal de que a petroleira estava se tornando refém de interesses políticos. O atual modelo, opaco e submisso aos desígnios do governo, é um verdadeiro retrocesso em relação aos avanços conquistados sob gestões anteriores.

 

Os embates políticos que envolvem o comando da empresa são sintomáticos da crise que assola a estatal. A possível demissão do presidente da companhia, Jean Paul Prates, é apenas mais um capítulo dessa novela política que parece não ter fim. Enquanto isso, os interesses da empresa são deixados de lado em prol de jogos de poder e disputas de egos.

 

No centro dessa crise está o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que parece mais interessado em interferir na gestão da Petrobras do que em promover políticas que beneficiem o país como um todo. Outra decisão sobre a distribuição de dividendos extraordinários da empresa é mais um exemplo do absurdo dessa situação. Em vez de ser uma decisão tomada pela empresa e seus acionistas, ela é ditada pelos interesses políticos do governo. O fato de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o da Casa Civil, Rui Costa, estão fechando um acordo sobre a distribuição dos dividendos mostra até que ponto essa interferência chegou.

 

Enquanto isso, o mercado de combustíveis é deixado à mercê de interesses políticos e disputas internas. O projeto de lei que fixa uma mistura crescente de biodiesel no diesel vendido pela Petrobras é apenas mais um exemplo de como a empresa está sendo usada como instrumento de interesses políticos. A disputa com os produtores de biodiesel mostra como a empresa está sendo usada como moeda de troca em disputas políticas.

 

Diante desse cenário caótico, fica a pergunta: até quando a Petrobras vai continuar sendo vítima desse jogo? Até quando os interesses políticos vão se sobrepor aos interesses da empresa e do país como um todo? É hora de acabar com essa interferência indevida e devolver à Petrobras a autonomia e a independência que ela tanto precisa para cumprir o seu papel de empresa líder no setor de energia.

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