A Quadrilha de São João e a Pedagogia do Sabugo - Blog A CRÍTICA

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terça-feira, 21 de maio de 2024

A Quadrilha de São João e a Pedagogia do Sabugo



Quando éramos estudantes dos ensinos fundamental e médio acontecia algo deveras sem futuro, muitas vezes chegávamos na escola e alguém anunciava que não teríamos aula naquele dia pois o horário seria usado para o ensaio da quadrilha junina na escola. Uma velha patacoada saída sabe-se lá de que manual pedagógico sempre repetido ano após ano em toda escola do Nordeste.


Supostamente seria isso uma defesa da "tradição", devia haver o costume de se ensinar e aprender matemática nas escolas.., mas precisa mesmo a quadrilha junina ser tão defendida assim? A escola deve ser uma aniquiladora de tradições anacrônicas, já que o ensino há de servir para dar autonomia às pessoas.


No caso das quadrilhas juninas é algo que deveria ser deixado de fora da escola. Trata-se de uma manifestação popular em que se almejava reproduzir danças das classes altas, um tipo de mimese muito comum em épocas anteriores à Revolução industrial onde não havia educação geral e ao povo restava tentar imitar os costumes das aristocracias.


O folclore surgiu como "ciência" ligada à direita política, já que representava a expressão da nacionalidade na cultura popular, nos últimos tempos migrou para a esquerda, simbolizando uma defesa das coisas do povo, não mais da nação. De ambas as formas trata-se de uma maneira de ver o povo como fetiche.


Naqueles anos de 2000 a escola não conseguia ensinar, era a pedagogia do sabugo, faltava os caroços e a sustança da canjica educacional. A cultura científica não conseguia pela falta de estrutura e de capacidade pedagógica dos mestres desprestigiados ultrapassar os muros daqueles centros do saber que quase saber não tinha. É bonito a quadrilha junina, entretanto não se precisa paralisar as escolas por causa de um apresentação desse tipo.


E repetia-se a cada ano o festival do bigode de tinta ou de carvão, da camisa xadrez e do casamento matuto em celebração ao passado de uma sociedade de fome, de ignorância, de dor de dente e de violência. Viva o atraso!

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