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domingo, 7 de julho de 2024

Graças a Deus não somos mais o país do futebol



Mais uma vez a seleção brasileira de futebol foi eliminada numa fase de quartas-de-final e, assim tem sido em quase todas as competições que disputa, uma equipe com bons jogadores  medianos que jogam em boas ligas, mas cuja sombra do passado glorioso impede a formação de um time vitorioso.


Diz-se ter falado o escritor Graciliano Ramos que o futebol no Brasil seria fogo de palha, não ia pegar. Pegou e, depois de ter um início elitista popularizou-se de forma tal até transformar-se na grande paixão nacional, em todo lugar um campinho de terra com traves tortas e disputas acirradas nos torneios improvisados com "ternos" doados pelo vereador.


Se na primeira Copa do Mundo em 1930 o Brasil foi somente servir o café e caiu na primeira fase; na terceira Copa, em 1938 na França, já ficou em terceiro lugar com o nosso primeiro craque, o Leônidas da Silva. Depois disso o longo interregno da Guerra e duas copas que não houveram, 1942 e 1946. Recebemos em 1950 a incumbência de fazer o retorno dos mundiais por não termos sido afetados pela destruição da grande conflito mundial, fomos o segundo colocado, uma derrota traumática para o Uruguai no Maracanã, o famoso maracanaço, nos fez mudar até a cor da camisa e esperar o surgimento da lenda Pelé para ganharmos três vezes em somente doze anos e quatro copas.


Depois de Pelé, que disputou sua última Copa em 1970, vencemos somente duas vezes em mais de 50 anos já, mas sempre com equipes assustadoras que dificilmente perdiam uma partida, isso até a Copa de 2006. Organizamos o mundial mais uma vez, em 2014, e a seleção foi humilhada pela Alemanha em Belo Horizonte, sendo suprimida a ilusão de ganhar por jogar "em casa". Entre ilusão e vergonha e complexo de vira-latas ainda reinante passamos a disfarçar e fazer de conta que ninguém viu o sete a um, a vergonha não pode ser digerida, e uma satisfação de torcer contra o próprio país sempre presente agora ficou mais em conta.


Nesse processo que fez pegar o futebol no Brasil unimos futebol e carnaval numa ilusão de país que tanto mal nos fez, a imagem que fizeram de nós ou que nós fizemos de nós mesmos tanto nos prejudicou para superar o subdesenvolvimento. O Carnaval, uma turba pré-moderna da Europa, ainda consegue parar todo o país em plena era da informática. 


A bagunça desorganizada e exaltada como sintoma da alegria brasileira não mais serve ao futebol, a seleção somente será um time competitivo quando agora conseguir se desvincular do passado e puder organizar uma equipe com jogadores treinados. Não mais existe aquele futebol que nascia nos campos do futebol de várzea, são jogadores do futebol europeu, longe do Brasil.


Não mais basta também, ser só futebol. O Brasil nas Olimpíadas sequer consegue somar 10 ouros. Cadê os nossos atletas dos 100, 200 ou 400 metros rasos ou com barreira? Quantas pistas de atletismo têm nas cidades do interior? 


Graças a Deus não mais somos o país do futebol, e não é uma forma de maldizer a seleção ou torcer contra o Brasil. Assisto a todos os jogos da seleção desde onde vai a memória, sempre foi um momento especial o dia de jogos, seja contra qual for o adversário. O  Brasil pode ter um time forte  se organizar uma equipe, talvez com um técnico estrangeiro, acredito que ainda venceremos copas, mas não somos mais o país do futebol, não basta mais qualquer time. Não basta sambar, hay que estudar matemática.

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