Aquecimento global transforma biomas brasileiros e seca rios, causando problemas, em especial para a região norte do país.
Sem registro de aumento no Rio Negro desde 17 de junho de 2024, especialistas em Comércio Exterior alertam para uma possível restrição no calado dos navios durante o período de seca entre 15 de setembro 2024 e início de 2025. “Estas secas, causadas por mudanças climáticas, tendem a ficar mais severas e extensas, dificultando o transporte de cargas pela região. Pela importância do Arco Amazônico, o impacto na nossa economia deve ser significativo e é possível que alguns produtos sofram aumento por conta deste problema”, resume Jackson Campos, especialista em comércio exterior e diretor de relações institucionais da AGL Cargo.
Nos últimos anos, as condições climáticas têm mudado com frequência e algumas regiões passaram a sofrer com chuvas em excesso, enquanto outras sofrem cada vez mais com a seca. A seca no Rio Amazonas, por exemplo, está afetando a população do norte do Brasil e todas as empresas que o utilizam como rota, causando alerta sobre a viabilidade de usá-lo e também sobre o aumento de preços.
Um dos setores que deve sentir de maneira mais impactante as consequências da seca é o automobilístico, que conta com diversas montadoras, em especial de motocicletas, na Zona Franca de Manaus e tem o transporte hidroviário como o principal meio de chegada e saída de matéria-prima. Vale lembrar que em outubro de 2023, quando também houve outra seca mais forte, a produção de motos caiu 6,4% em relação a setembro do mesmo ano, demonstrando o quão importante esse modal é para estas empresas.
A região Norte é quem mais utiliza o modal hidroviário e as exportações brasileiras via portos do Arco Amazônico alcançaram a marca de 66,5 milhões de toneladas de carga no 1º quadrimestre de 2024, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). O especialista em comércio exterior e diretor de relações institucionais da AGL Cargo, Jackson Campos, reforça a importância do transporte aquaviário e vê um cenário preocupante com as recentes secas no Rio Amazonas. “É mais um custo para quem importa e exporta, mas é uma situação em que uma rota alternativa para a carga já deveria ter sido criada e expandida, para evitar prejuízos. As mudanças climáticas vieram para ficar e devemos criar estratégias para superá-las”.
Em contrapartida, o Arco Amazônico, responsável por 43% da exportação de milho do país, deve aumentar sua capacidade de tráfego de carga nos próximos anos. Esse modelo de transporte é vantajoso, pois consegue levar mais carga do que o rodoviário e é mais sustentável, utilizando menos combustível para fazê-lo. “Mas, momentos como esse colocam a estrutura brasileira em xeque, deixando claro porque ainda somos o 58º em infraestrutura no ranking de competitividade divulgado em junho deste ano. Para aguentar esse período e as mudanças climáticas, as empresas terão que se adaptar e os custos para a manutenção destas rotas será mais alto” - conclui Campos.
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