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sexta-feira, 2 de agosto de 2024

35 anos depois: A Asa Branca Que Ainda Voa



Naquele dia, em 2 de agosto de 1989, uma quarta-feira, o sertão chorou. Não foi um choro de lágrimas, mas de uma saudade que ecoou pelos quatro cantos do Brasil. O Rei do Baião, Luiz Gonzaga, partiu, deixando um vazio que só a sanfona e a voz dele podiam preencher. Arrastava consigo um sertão sofrido que precisava deixar de existir


Naquela manhã, quando a notícia se espalhou. A televisão já anunciava e o rádio, velho companheiro do sertanejo, repetiam: "Luiz Gonzaga nos deixou". O céu estava azul, sem uma nuvem, mas parecia que a chuva caía dentro dos corações nordestinos. Em Exu, sua terra natal, os passarinhos se calaram, respeitando o luto do homem que cantou suas dores e alegrias.


Gonzaga não era apenas um músico; ele era um contador de histórias, um cronista do sertão. Suas músicas falavam de seca, de amor, de fé, de uma vida dura, mas cheia de esperança. "Asa Branca" tornou-se um hino, não só do nordeste, mas de todo brasileiro que se reconhecia naquela terra árida e resiliente.


Hoje, passados 35 anos de sua morte, Luiz Gonzaga continua presente, como uma força imortal. Em cada festa junina, nas danças de forró, nos cantos de trabalho, ele ainda está lá. Suas músicas são entoadas por novas gerações, seus discos continuam a rodar nas vitrolas de quem sabe o valor de suas palavras e acordes.


E há algo mágico nisso. Porque, mesmo em um mundo tão diferente daquele em que viveu, a essência do que ele cantava permanece. As lutas podem ter mudado de forma, mas o espírito de resistência e alegria persiste. Quando escuto "Asa Branca", ainda posso sentir a poeira do sertão, o sol escaldante e o vento que leva a esperança de dias melhores.


Gonzaga, com sua sanfona, criou uma ponte entre o passado e o presente, entre a dor e a celebração. Ele nos ensinou que, por mais dura que seja a vida, sempre há um motivo para sorrir, para dançar, para acreditar. Ele nos deixou, mas sua asa branca ainda voa, livre, levando suas histórias e músicas para além do tempo.


E assim, a saudade que sentimos não é amarga, mas doce. Porque sabemos que Luiz Gonzaga, o eterno Rei do Baião, viverá para sempre nas notas de cada sanfona, nas vozes de cada cantor de forró e nos corações de todos os que aprenderam a amar o sertão através de suas canções.

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