Serviço Geológico do Brasil já elaborou estudos que ampliam a compreensão sobre essa unidade geoambiental
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Foto: Adri Felden / Argosfoto |
Brasília (DF) – O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses foi reconhecido recentemente como Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Entre os principais critérios para a seleção, estão as raras formações geológicas e geomorfológicas do local, que já foram abordadas no Levantamento da Geodiversidade do Maranhão, elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).
“O reconhecimento como Patrimônio Natural da Humanidade nos enche de orgulho e representa um título valioso, que contribuirá para a conservação da geodiversidade dos Lençóis Maranhenses, além de ser importante para impulsionar pesquisas geocientíficas e fortalecer o geoturismo na região, fomentando o desenvolvimento dos municípios”, ressalta o diretor-presidente do SGB, Inácio Melo.
As cidades principais dos Lençóis Maranhenses e de seu entorno são: Humberto Campos e Primeira Cruz (junto à Baía de Tubarão); Santo Amaro do Maranhão, Barreirinhas, Paulino Neves e Tutóia (próximas ao litoral); Morros, Urbano Santos, Belágua e Santana do Maranhão (na porção mais interiorana).
Maior extensão de dunas da América do Sul
Localizado na costa leste do Maranhão, os Lençóis Maranhenses estão em uma zona de transição entre os biomas Cerrado, Caatinga e Amazônia. A região tem a maior extensão de dunas fixas e móveis da América do Sul. Essas sedimentações eólicas, geradas pela ação do vento, mostram uma complexa dinâmica evolutiva ao longo do período Quaternário, iniciado há 2,6 milhões de anos, que gerou o mais extenso campo de dunas de todo o continente sul-americano, explica o geógrafo do SGB Marcelo Dantas.
O pesquisador detalha que a altura e extensão das dunas estão entre os principais destaques dos Lençóis Maranhenses. “São formações que chegam a ter entre 30 e 40 metros de altura, ou seja, equivalentes a um prédio de 13 andares. Estendem-se desde o litoral do Maranhão para entre 50 km e 120 km continente adentro. Isso está registrado nos estudos sistemáticos que realizamos no SGB e são apresentados no Mapa da Geodiversidade do Maranhão”, relata.
Lagoas interdunares sazonais
A infinidade de lagoas temporárias que se formam em meio às dunas conferem aos Lençóis Maranhenses uma “notável beleza cênica natural”, descreve Dantas. Essas formações ocorrem devido ao contexto geológico da região e se potencializam no período chuvoso, que vai de dezembro a abril, associado à atuação máxima da Zona de Convergência Intertropical - ZCIT.
“O piso dos campos de dunas é constituído por rochas sedimentares da Formação Barreiras e isso torna propício o acúmulo de água no contato com os sedimentos arenosos eólicos muito permeáveis. Durante as chuvas, há elevação do nível do lençol freático e temos a ocorrência dessas belíssimas lagoas de água azulada entre as dunas de areias alvas. Esse conjunto garante à região um extraordinário potencial geoturístico”, detalha o geógrafo.
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