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terça-feira, 27 de agosto de 2024

Mais de 90% das cidades brasileiras enfrentam riscos climáticos significativos

Famílias de baixa renda, idosos e comunidades marginalizadas/minoritários são os grupos mais vulneráveis a serem impactados por eventos extremos, que prejudicam a qualidade de vida dos cidadãos e o funcionamento das cidades 

 

Foto: Gilvan Rocha/Agência Brasil

Com a temperatura média global do planeta Terra acima de 1,5ºC há doze meses consecutivos, segundo o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, 94% das cidades brasileiras reconhecem sofrer riscos climáticos significativos em seus territórios. Essa informação faz parte de uma pesquisa realizada em 2023 pelo CDP, maior plataforma global de dados ambientais de empresas, cidades, estados e regiões, da qual participaram 96 municípios do Brasil.
 

Destas municipalidades, 54% alegam serem significativamente impactadas por estes riscos, enquanto 53% acreditam que estes riscos devem se intensificar no futuro, e 47% acreditam que estes riscos serão mais frequentes. O risco de inundações urbanas foi reportado por 41% das cidades brasileiras, seguido pelo risco de calor extremo, reportado por 40%.
 

No contexto da América Latina, das 328 cidades que reportaram seus dados climáticos ao CDP em parceria com o ICLEI, a taxa é semelhante, com 93% sob efeitos de riscos climáticos significativos em seus territórios. Destas, 61% dizem que são alvo de impactos significativos, 72% acreditam que estes riscos devem se intensificar no futuro, e 64% acreditam que estes riscos serão mais frequentes.
 

Em 2024, foram registradas inundações devastadoras em todo o mundo, a exemplo dos eventos no Rio Grande do Sul e em Dubai. Em todos os continentes, as enchentes foram apontadas como riscos relevantes, 83% na América do Norte (164 cidades), 80% da Europa (160 cidades), 69% na África e no Médio Oriente (49 cidades), 66% na Ásia-Pacífico (113 cidades) e 56% na América Latina (169 cidades).
 

“A incidência de eventos climáticos extremos vem crescendo a cada ano, conforme previsto pela ciência. Invariavelmente, os impactos de um problema que é global são sentidos no nível local pelos municípios. Para que os governos subnacionais possam estruturar planos de adaptação e mitigação, é importante que tenham em mãos dados sistematizados em relação aos problemas que acometem suas municipalidades”, afirma Maria Clara, líder de cidades, estados e regiões do CDP Latin America.
 

Os dados do CDP também mostram que cerca de um terço de todos os projetos de infraestruturas climáticas reportadas pelas cidades centram-se no aumento da adaptação e resiliência climática, com 55% dessa amostragem sendo constituída por cidades do Sul Global. Áreas como gestão de resíduos, gestão hídrica e transporte são algumas das que vêm recebendo maior número de projetos em busca de financiamento climático nas cidades. Seria necessário um investimento de R$ 11,5 bilhões para executar os projetos reportados ao CDP pelos municípios.
 

Os riscos causados por eventos climáticos extremos são sentidos de maneira distinta nas cidades, sendo algumas populações mais expostas devido à falta de proteção e recursos. Os grupos mais vulneráveis são: famílias de baixa renda (23%), idosos (15%) e comunidades marginalizadas/minoritários (15%).

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