Aqui em Caicó, é comum se falar na "época da política", que corresponde ao período eleitoral. A expressão, por si só, já é infeliz, pois a política não pode ser reduzida apenas ao momento das campanhas para cargos eletivos. Para piorar a situação, o período eleitoral passa longe de ter verdadeira política; o que se vê é barulho e bebedeira nas ruas.
Ontem, domingo (15), houve mais uma algazarra pelas ruas, com uma carreata da oposição ao atual prefeito. Embora tenham feito menos barulho, utilizaram os famigerados paredões de som, e havia muita gente pendurada nessas estruturas barulhentas ou nas portas dos veículos. Como um candidato pode participar de um ato assim, infringindo as regras de trânsito? Chegaram a ocupar a nova faixa de pedestres na ponte sobre o Rio Seridó com carros e motos. Outro problema terrível são as motos com escapamento arrombado. Tudo isso regado a álcool, enquanto ninguém debate, por exemplo, a criação de um abrigo municipal, mesmo com viciados em drogas perambulando pelas ruas como zumbis.
Não dá. O período eleitoral de 45 dias é totalmente desperdiçado com esses espetáculos de imbecilidade. Será que, para conquistar votos, um candidato precisa se fazer de tolo? O escritor Graciliano Ramos, que foi prefeito no interior de Alagoas nos anos 1920, dizia: "Para os cargos da administração municipal escolhem de preferência os imbecis e os gatunos."
Diante desse cenário, é evidente que o período eleitoral em Caicó, assim como em tantas outras cidades, tem sido um reflexo da superficialidade e da falta de comprometimento com questões reais que afetam a população. O espetáculo ruidoso das carreatas e o desrespeito às leis ofuscam a necessidade de discussões mais profundas sobre os problemas locais, como a situação dos mais vulneráveis. Para mudar essa realidade, é preciso que eleitores e candidatos entendam que a política vai muito além do barulho das ruas — trata-se de planejar e construir soluções que realmente impactem a vida das pessoas.
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