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Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos (fonte: divulgação Warren) |
Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos
Entre (06/09) e (12/09), a inflação implícita da B25 saiu de 4,90% para 5,39%. Acreditamos que essa alta de 49 bps tem relação direta com os impactos da seca na inflação, mais precisamente nos preços dos alimentos e energia. Em energia, as nossas simulações de bandeira tarifária durante esta semana mudaram drasticamente, de um cenário em que poderia encerrar o ano em cor amarela para vermelha 2 a partir de outubro.
Caso isso se concretize, a nossa projeção do IPCA deste ano sobe 32 bps, para 4,92%, pois partimos da premissa de bandeira amarela. Para o ano de 2025, ainda temos bandeira amarela no primeiro semestre. Até o momento nossas simulações não indicam uma bandeira mais cara.
Em relação aos alimentos, as chuvas abaixo da média até setembro não preocupam até agora quando pensamos em safra de grãos. O Brasil planta aproximadamente 5% de sua safra até outubro. No entanto, o calor em excesso traz consequências para os alimentos in natura, os voláteis. Porém estes podem devolver o movimento de alta mais rapidamente, ou seja, as consequências não perduram. Neste sentido, o risco esperado, que temos chamado a atenção há mais de duas semanas, é de 7 bps na inflação deste ano e 10 bps na do próximo.
O cenário de “caos” para os alimentos poderá ser maior se a chuva que a safra de 2024/2025 precisa não chegar em outubro/novembro, quando normalmente se inicia o período molhado.
Gasolina: Um fator que pode atenuar a alta maior da inflação deste ano é o petróleo. Vemos espaço considerável de queda dos preços da gasolina na refinaria. Nossa conta de defasagem aponta para - 13%. Ainda não inserimos esta queda de preços na projeção, mas vemos como altamente provável que isso possa acontecer com os preços do Brent próximos a $70 dólares e o real a 5,55. Uma queda de 13% na refinaria significa, na bomba, -5% ou -25bps de impacto no IPCA.
Conta de luz: Outro tema que estamos olhando de perto, e pode ser decisivo para não ter bandeira vermelha 2, é a notícia de que o governo avalia usar R$ 9 bi de ‘saldo’ em conta de bandeiras tarifárias para evitar o aumento na conta de luz. O dinheiro pode ser liberado para cobrir custo extra com geração de energia via termelétricas. Para técnicos da pasta o cenário é considerado preocupante, mas ainda melhor se comparado a 2021, quando houve uma crise hídrica.
Pelo nosso acompanhamento, o saldo da conta de bandeiras até junho deste ano é de R$7,6 bilhões. Em que pese o acionamento da bandeira, ela é justamente para cobrir estes gastos a mais de custo de termelétricas. No entanto, o uso deste recurso pode evitar que seja usada a bandeira mais cara quando fosse preciso. Precisamos de mais informações para estimar qualquer efeito no IPCA. Vale acompanhar que o custo das termelétricas está crescendo e isso também significa reajustes ordinários maiores prospectivamente.
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