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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Nove em cada dez brasileiros acreditam que as empresas de redes sociais não fazem o suficiente para proteger crianças e adolescentes, aponta Datafolha

Pesquisa, encomendada pelo Alana, também mostra que oito em cada dez acreditam que a lei brasileira protege menos do que as de outros países

 


O que a população brasileira pensa sobre o uso da internet e de redes sociais por crianças e adolescentes? Que opinião tem sobre os mecanismos de proteção a elas no ambiente digital? Esse foi o tema da pesquisa Datafolha encomendada pelo Instituto Alana que investiga a percepção sobre a atuação das plataformas, o tempo gasto por crianças nas redes, o nível de conhecimento de pais e mães sobre formas de monitorar esses acessos, e como veem a atuação das empresas e do poder público quando se trata de manter crianças e adolescentes seguros no ambiente digital.
 

Foram entrevistadas 2009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho, e os resultados da pesquisa revelam preocupações consistentes, com amplo índice de concordância sobre a vulnerabilidade das crianças nas redes sociais. Entre as principais percepções apontadas está a de que nove em cada dez brasileiros acreditam que as empresas não fazem o suficiente para proteger crianças e adolescentes, com resultados muito similares entre pessoas sem (85%) e com filhos de entre 0 e 17 anos (87%).
 

Entre os respondentes com filhos até 17 anos, as opções que mais se destacaram em relação ao que as empresas podem fazer para proteger crianças e adolescentes estão a comprovação de identidade dos usuários (56%), a proibição de publicidade e venda de itens a crianças (42%) e a melhora no atendimento e apoio ao consumidor em caso de denúncias (41%).
 

Outra das principais constatações da pesquisa foi a de que oito em cada dez brasileiros (78%) acreditam que a lei brasileira protege menos as crianças e adolescentes do que as de outros países, percentual ligeiramente superior entre os entrevistados com filhos entre 0 e 17 anos (83%). Quando a questão recai sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sete em cada dez brasileiros acreditam que ela não tem sido eficaz no combate à publicidade infantil.
 

Os números expressivos mostram que há uma clara e generalizada percepção de que as redes sociais e os ambientes digitais exercem grande impacto sobre a saúde e o cotidiano das crianças e adolescentes:

  • 93% concordam que as crianças e adolescentes estão ficando viciadas em redes sociais;
  • 92% concordam que é muito difícil para crianças e adolescentes se defenderem sozinhas de violências e de conteúdos inadequados para sua idade nas redes sociais;
  • 87% concordam que a exibição de propagandas e comerciais para crianças e adolescentes nas redes sociais incentiva o consumo em excesso;
  • 86% concordam que os conteúdos mais acessados atualmente por crianças e adolescentes nas redes sociais não são adequados para a idade deles;
  • 84% concordam que as empresas fornecedoras de redes sociais não apoiam as famílias adequadamente para que elas consigam acompanhar o conteúdo que as crianças e adolescentes consomem;
  • 83% concordam que as crianças e adolescentes têm fácil acesso a conteúdos ou atividades impróprios para sua idade nas redes sociais;
  • e 83% concordam que o uso das redes sociais pelas crianças e adolescentes hoje em dia traz mais malefícios que benefícios.

Responsabilidade do poder público ou das empresas? Percepções divididas
 

A pesquisa aponta um empate quando se questiona os entrevistados sobre quem é o principal responsável por combater o uso excessivo das redes sociais: 41% dos brasileiros acreditam que é o poder público, mesmo percentual dos que consideram que são as empresas de redes sociais. A percepção de que a responsabilidade é do Estado aumenta de acordo com a idade dos entrevistados.
 

Outro dado de relevo mostra que a maioria da população brasileira (53%) considera que 14 anos é a idade mínima adequada para realizar atividades como usar redes sociais e aplicativos de mensagens, ter celular ou tablet próprio, jogar jogos eletrônicos e assistir filmes por streaming sem supervisão de adultos.
 

“A pesquisa e seus resultados expressivos mostram que é realmente difundida a percepção de que a falta de ação das empresas no sentido cumprir com seu dever constitucional de proteger as crianças e os adolescentes no ambiente digital está impactando negativamente seu desenvolvimento integral", avalia Maria Mello, co-lider do Eixo Digital e coordenadora do programa Criança e Consumo, do Instituto Alana.

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