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terça-feira, 29 de outubro de 2024

81% dos universitários brasileiros já apostaram em bets, aponta pesquisa de professor da FECAP



O mercado de apostas esportivas no Brasil tem se expandido rapidamente, impulsionado pela popularização das plataformas digitais e a regulamentação recente do setor. Um estudo conduzido pelo professor Ahmed El Khatib, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), revela como os universitários brasileiros estão imersos nesse cenário e examina os fatores que influenciam seu comportamento de apostas, com base na Teoria do Comportamento Planejado (TCP).

A pesquisa, intitulada Diversão ou Armadilha? Um estudo exploratório das Apostas Esportivas entre Universitários Brasileiros, analisou os hábitos de mais de 800 universitários em todo o país, e revelou que cerca de 81% dos universitários entrevistados já participaram de alguma forma de aposta esportiva, sendo que 72,8% se envolvem regularmente.
 

“Um dos principais motivadores para os jovens é o prazer associado ao jogo, além da percepção de que a prática é uma forma de socialização. Além disso, para aqueles com problemas de jogo mais severos, as influências de amigos e familiares se destacam como os principais fatores de encorajamento”, afirma El Khatib.
 

O estudo também identificou que as atitudes positivas em relação às apostas, normas subjetivas (influências de amigos e familiares) e o controle comportamental percebido são os principais fatores que moldam a intenção dos jovens de participar dessas atividades.
 

Regulamentação e desafios crescentes 
 

A aprovação da Lei 14.790/2023, que regulamenta o mercado de apostas no Brasil, abriu novas oportunidades para empresas nacionais e internacionais operarem legalmente. Com isso, o Brasil tornou-se um dos mercados mais promissores para apostas esportivas, atraindo milhões de brasileiros. No entanto, como aponta o professor El Khatib, o aumento no número de apostadores, especialmente entre universitários, acarreta preocupações, como o risco de desenvolvimento de vício em jogos de azar.
 

O impacto do jogo problemático 
 

Um dos achados mais alarmantes da pesquisa foi a correlação entre o comportamento de apostas e o desenvolvimento de transtornos mentais como ansiedade, depressão e estresse financeiro.
 

Aproximadamente 2 milhões de brasileiros sofrem de ludopatia, e entre os universitários, 42% dos entrevistados que relataram participar de apostas enfrentam dificuldades financeiras.
 

“Para muitos, as apostas deixam de ser uma forma de entretenimento e tornam-se uma tentativa de recuperação de perdas, o que agrava ainda mais a situação financeira e emocional”, completa o docente.
 

Além disso, o estudo identificou que a gravidade do jogo problemático modera significativamente as intenções e comportamentos de apostas. Enquanto os apostadores recreativos demonstram mais controle e encaram o jogo como uma atividade social, os apostadores problemáticos apresentam maior vulnerabilidade, influenciados por normas subjetivas e com maior probabilidade de experimentar comportamentos impulsivos e vício.
 

Educação e prevenção: um caminho urgente 
 

A pesquisa também ressalta a necessidade de programas de conscientização voltados para os jovens, especialmente em universidades. O pesquisador da FECAP enfatiza que campanhas educativas podem ajudar a reduzir a crescente taxa de vício entre estudantes universitários, promovendo comportamentos mais responsáveis.
 

“As apostas esportivas têm sido vistas principalmente como uma forma de entretenimento, mas, sem a devida conscientização, os riscos associados, como endividamento e transtornos mentais, continuam sendo ignorados”, alerta o professor.
 

Ele recomenda que a regulamentação não se limite apenas à criação de regras para o mercado, mas que inclua também programas educativos e de suporte psicológico.
 

Segundo El Khatib, “estudantes universitários estão expostos a uma série de influências que podem aumentar suas chances de desenvolver vícios. A educação sobre os riscos e a promoção de atitudes responsáveis são essenciais para mitigar esses efeitos”, finaliza.

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