*Por Ana Paula Barbosa de Almeida
Não é novidade que a biodiversidade desempenha um papel fundamental no desenvolvimento sustentável do planeta. Sendo a base para a manutenção dos ecossistemas saudáveis e funcionais, ela fornece serviços essenciais, que incluem a oferta de alimentos, medicamentos e recursos naturais – cruciais para a segurança alimentar, saúde humana e economia. Essa particularidade traz algo igualmente importante: a natureza é essencial na criação de oportunidades de emprego, na promoção da estabilidade e na resiliência dos ecossistemas, tornando-os mais capazes de se adaptar às mudanças climáticas e às perturbações causadas por elas.
Para entender a relevância da biodiversidade, estima-se que mais de 75% das necessidades alimentares globais dependam de plantas polinizadas por animais, como abelhas e borboletas (BPBES-CompletoPolinizacao-1.
Portanto, preservar e proteger a biodiversidade é essencial para garantir um desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida das gerações futuras. A conservação eficaz requer diálogo aberto entre diferentes setores da sociedade, assim como entre diferentes partes do mundo. Neste contexto, a 3ª edição do World Biodiversity Forum - WBF (Fórum Global de Biodiversidade, em português), na Suíça, reuniu pesquisadores e profissionais de diferentes origens e partes do mundo para explorar como a sociedade pode transitar da Ciência para soluções práticas na conservação da biodiversidade e na transformação para a sustentabilidade.
Os aprendizados foram muitos, como o reforço da ideia que sempre compartilhei de, como sociedade, respeitar o conhecimento das comunidades tradicionais como uma importante ferramenta para a conservação da biodiversidade, além de trazer um crescente interesse de diferentes organizações e profissionais em criar uma padronização de entendimento para relatar esforços e resultados de conservação. Foi também emocionante aprender como os conhecimentos científicos podem ser aplicados em soluções práticas para o contexto empresarial.
Como parte da sessão “Desenvolvimento sustentável nas comunidades que dependem da floresta: papel da floresta, meios de subsistência, biodiversidade, valores culturais-espirituais e qualidade de vida”, tivemos a oportunidade de apresentar um case da Fundação Eco+ sobre "Produtos da sociobiodiversidade brasileira como ferramenta para a floresta em pé". Sendo uma experiência enriquecedora, não só para mostrar como estamos ajudando os negócios a se conectarem de forma respeitosa com as comunidades tradicionais e seus biomas, mas também para aprender e se inspirar com outros trabalhos de organizações de diferentes partes do mundo.
Outra grande contribuição do WBF foi o anúncio da Lei de Restauração da Natureza, recém-acordada pelo Conselho de Meio Ambiente da União Europeia. A Resolução da Conferência, apresentada por Cornelia Krug na Cerimônia de Encerramento, enfatizou a importância do conhecimento interdisciplinar sobre os impactos do consumo do meio ambiente e os benefícios de sua restauração, da proteção aos povos indígenas e às comunidades locais. A relevância das iniciativas locais, adequadas ao contexto regional, alinhadas com os marcos e políticas globais, além da aplicação de finanças sustentáveis para deter a perda de biodiversidade são abordagens para mitigar conjuntamente os impactos climáticos.
Mais de 800 pesquisadores, profissionais, empresários, artistas e formuladores de políticas em 75 países participaram desse evento fundamental para debater caminhos para a construção de um futuro sustentável. O intercâmbio entre esses diferentes tipos de atores e abordagens para alcançar um objetivo único de conservação da biodiversidade mostra que o assunto é tratado de maneira séria.
Enquanto o mundo enfrenta desafios ambientais sem precedentes, iniciativas como o World Biodiversity Forum são lembretes cruciais de que ainda há esperança. Por meio da união e do compartilhamento de conhecimentos e experiências, podemos não apenas sonhar com um futuro mais verde e sustentável, mas também tomar as medidas necessárias para realizá-lo. Cada esforço conta, cada voz pode fazer a diferença, e juntos, temos o poder de redefinir nossa relação com o planeta.
*Ana Paula, é analista de sustentabilidade
aplicada na Fundação Eco+
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