Estudo do Itaú Empresas, realizado pelo Instituto Locomotiva, mostra ainda que o Nordeste é a região na qual os empreendedores e empreendedoras mais se sentem estressados (58%) e sobrecarregados (56%), acima do restante do país
São Paulo, novembro de 2024 – A maioria dos líderes das pequenas e médias empresas da região Nordeste têm a intenção de expandir seu negócio no próximo ano. É o que apontam 66% dos entrevistados da pesquisa “Cabeça de Dono”, realizada pelo Instituto Locomotiva para o Itaú Empresas. Já no Brasil, a perspectiva de crescimento aparece para 60% das PMEs, seis pontos porcentuais (p.p.) abaixo da média regional.
No entanto, é também a região em que os desafios enfrentados pelas empresas – como cenário externo e competitivo, crescimento e inovação, e gestão financeira – são sentidos de forma mais intensa. “O Nordeste tem um potencial enorme e tem se destacado em diversos segmentos da economia, dos mais tradicionais ao mais inovadores, além de ter apresentado bons índices de crescimento no primeiro semestre. Apesar disso, a região ainda lida com questões que, somadas aos desafios pesquisados – a necessidade de uma gestão multitarefa comum entre as PMEs – e à falta de tempo, podem restringir seu crescimento”, avalia Antonio Rafael Souza, diretor estratégia para PMEs do Itaú Unibanco.
Outro ponto bastante comum entre esses empreendedores é que, uma vez que estão constantemente tentando ‘equilibrar os pratos para não deixar nada cair’, não conseguem buscar por uma especialização ou por ajuda em rede de apoio. De acordo com dados do estudo, 43% dos líderes nordestinos assumem sozinhos decisões estratégicas da empresa em ao menos uma área, atrás apenas do Sul, com 45% - enquanto no Brasil esse índice é de 37%. Também no Nordeste, 37% dos empresários ouvidos chegam a ser os únicos responsáveis pela execução das tarefas operacionais e cotidianas. Geralmente, eles estão mais envolvidos com os temas ligados ao comercial, entrando um pouco menos nos assuntos especializados, como jurídico e tecnologia da informação.
A pesquisa inédita, realizada entre julho e agosto, ouviu 1001 homens e mulheres líderes de pequenas e médias empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 50 milhões, nas cinco regiões do Brasil*. Ela traz um panorama sobre as necessidades e desafios enfrentados pelas PMEs, com o objetivo de jogar luz a um segmento tão importante para a economia. Isso porque as PMEs são responsáveis por 30% do PIB e geram 50% dos empregos ativos**, impactando potencialmente mais de 80 milhões de brasileiros.
“Os dados mostram que, além de decisões mais relacionadas ao seu negócio, os empreendedores e empreendedoras também precisam tomar decisões e executar outras funções – incluindo financeiras, operacionais e outras áreas técnicas, que demandam conhecimento específico. Isso reforça como eles estão sobrecarregados e o tamanho do desafio que é manter suas empresas progredindo, ao se verem com a responsabilidade por tantos setores que demandam habilidades diversas – e que se acumulam e evoluem conforme as empresas crescem”, contextualiza Souza.
“Os empreendedores geralmente são multitarefas, ou seja, pensam em toda a gestão do seu negócio, que é o que se espera de um líder, mas também se envolvem nas tarefas do dia a dia, colocam a mão na massa, e muitas vezes como é possível ver na pesquisa, em mais de uma área. Basicamente é como se ele fosse o CEO, CFO, diretor de marca, e muitas vezes até o office boy da sua empresa. Tudo isso impacta diretamente na falta de tempo para inovar, pensar em novos produtos, impacta ainda sua relação com a família, os cuidados com a saúde. A boa notícia é que o empresário brasileiro é um otimista, que segue esperançoso e empolgado com o futuro e quer expandir seu negócio”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Esse otimismo em relação ao momento atual e ao futuro de seu negócio é confirmado na pesquisa, com o Nordeste se destacando em relação à média nacional: 70% dos líderes das PMEs da região disseram estar empolgados com a sua empresa (68% na média nacional), e 82% estão esperançosos, mais que o restante do país (75%).
Desafios para o negócio
Entre os desafios pesquisados em todas as regiões do Brasil, 90% dos entrevistados relatam alguma ou muita dificuldade em cenário externo e competitivo, crescimento e inovação e gestão financeira (sem priorização). Nesse indicador, o Nordeste os relata de forma mais intensa: 94% sentem dificuldade com o cenário macro e competitivo, 95% em gestão financeira e, mais intensamente, com crescimento e inovação, que alcança 97%. Quando questionados sobre qual tema consideram ter muita dificuldade, 52% dos empreendedores da região apontam cenário externo e competitivo (frente 48% na média nacional), 49% em gestão financeira (41% no total Brasil) e 46% em crescimento (38% no nacional).
A pesquisa revela ainda outras demandas que, caso fossem endereçadas de forma estratégica – com um apoio externo ou de especialistas, por exemplo – poderiam fortalecer os negócios e seus donos. Além da sobrecarga interna, 73% dos líderes das PMEs do Nordeste acreditam que a região onde suas empresas estão localizadas recebe menos incentivos e apoio para se desenvolver em comparação a outras no país. Outro exemplo é a necessidade por troca de informação: 58% deles apontam que gostariam de poder dialogar mais com outros empresários e gestores para compartilhar experiências, dificuldades e soluções.
“Nesse contexto, muitos empresários têm pouco conhecimento sobre qual o apoio externo que eles poderiam buscar – e quando procuram algum profissional, este muitas vezes não tem as ferramentas e conhecimentos necessários para desenhar um planejamento integrado adequado às reais necessidades de cada empresa”, conta Souza. “Tivemos um caso de gestor que nos procurou com dificuldades na empresa, que passaram a afetar diretamente a qualidade de vida da sua família, provocando uma sensação de angústia. Conseguimos desenhar um plano de reestruturação para ajudá-lo a se reerguer e a reduzir esse peso, gerando inclusive mais tempo – para focar no que realmente era importante.”
Impacto nas vidas e rotina – acima da média nacional
O estudo “Cabeça de Dono” avaliou também como os pequenos e médios empresários se sentem em relação à rotina de trabalho e como isso afeta suas vidas. O Nordeste pontuou acima de todas as outras regiões e do total Brasil. O estresse predomina, sendo citado por 58% dos empreendedores nordestinos. Ele é seguido pela sensação de sobrecarga e cansaço, presentes para 56% dos entrevistados da região. Já angústia e solidão aparecem para 36% e 32%, respectivamente.
Além disso, 66% dos empreendedores da região gostariam de ter mais tempo com a família, enquanto 58% já enfrentaram alguma situação financeira adversa na vida pessoal por causa da empresa, e 55% já tiveram problemas de saúde relacionados à rotina de trabalho.
“A percepção de solidão, falta de apoio ou de reconhecimento, sobrecarga e implicações na vida pessoal dos pequenos e médios empresários brasileiros é comprovada em todo o estudo ‘Cabeça de Dono’. E a palavra-chave que permeia cada desafio é ‘tempo’. O gestor que volta sua energia para dentro da empresa, focando no operacional, acaba não conseguindo se dedicar ao crescimento e evolução da sua empresa. A falta de conhecimento em determinadas áreas o faz perder esse tempo precioso que, se fosse dedicado de maneira eficiente, poderia alavancar oportunidades no negócio e na vida pessoal – gerando mais tempo para a família ou para cuidar da saúde. Se o tempo é um ativo finito, por que não usar para o que realmente importa?”, questiona Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
“O potencial das PMEs pode gerar um impacto muito grande no Brasil e precisa ser melhor aproveitado. A perspectiva de crescimento poderia ser maior se eles tivessem apoio especializado para gerir de forma assertiva e sustentável. Vemos isso no nosso dia a dia com os clientes, e eles relataram essa identificação com os resultados apresentados na pesquisa. Esse olhar próximo foi o que nos levou a nos estruturar nos últimos anos, oferecendo um diferencial importante de planejamento e assessoria – atuando como um time estendido de cada empresa. Sabemos que isso tem um grande potencial de liberar tempo dos empreendedores e atenuar o peso de tomarem as decisões sozinhos, permitindo que eles foquem, com mais qualidade, no que é mais importante, em suas empresas e em suas vidas pessoais”, explica o diretor do Itaú Unibanco.
Para acessar ao infográfico com resumo executivo da pesquisa “Cabeça de Dono”, realizada pelo Instituto Locomotiva para o Itaú Empresas, entre outros materiais acesse aqui.
*Pesquisa qualitativa e quantitativa nacional com uma amostra de 1001 entrevistas com proprietários de empresas com faturamento anual de R$ 360 mil a R$ 50 milhões, realizada entre os dias 4 de julho e 16 de agosto deste ano.
**Dados Sebrae
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