Ferramentas apresentadas, nesta quarta-feira (6.11), irão colaborar no combate à fome e à insegurança alimentar e nutricional ao identificar locais com alta ou baixa disponibilidade de alimentos saudáveis
Um mapa com a distribuição dos estabelecimentos que vendem alimentos saudáveis e não saudáveis em todo o país e os locais considerados desertos e pântanos alimentares nos 91 municípios com mais de 300 mil habitantes serão resultado de um estudo lançado nesta quarta-feira (6.11).
Os ministérios do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), das Cidades (MCid) e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), realizaram o lançamento oficial do Mapeamento dos Desertos e Pântanos Alimentares e divulgaram a Plataforma Alimenta Cidades, em evento realizado em Brasília.
O estudo que mapeou os desertos e pântanos alimentares teve a finalidade de identificar as áreas de difícil acesso a alimentos saudáveis (desertos alimentares) e as áreas onde é fácil o acesso à alimentos ultraprocessados (pântanos alimentares), focando nos locais onde residem pessoas e famílias em situação de baixa renda e em territórios periféricos.
O titular do MDS, Wellington Dias, participou do lançamento e destacou que a nova ferramenta ajuda a alcançar os objetivos de combater a fome no país e promover a segurança alimentar e nutricional da população.
“Trabalhamos com a transferência de renda, mas quero chamar a atenção que também temos uma rede para promover a segurança alimentar. Estamos trabalhando, desde o ano passado, como combinar esses sistemas com compras de alimentos de pequenos produtores e como estes podem produzir alimentos saudáveis”, argumentou o ministro.
Os desertos e os pântanos alimentares contribuem para o aumento da insegurança alimentar e de todas as formas de má nutrição. Quando esses locais são identificados e priorizados nas políticas públicas locais, o quadro pode ser revertido e as áreas afetadas podem se tornar territórios promotores da alimentação adequada e saudável.
Os mapeamentos vão integrar a Plataforma Alimenta Cidades, que também foi lançada no evento desta quarta-feira. Trata-se de uma ferramenta de apoio aos gestores e sociedade civil nas políticas públicas de acesso, de abastecimento e de consumo de alimentos adequados e saudáveis em territórios periféricos e vulnerabilizados. Nela é possível acessar os dados do estudo sobre desertos e pântanos alimentares.
A secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Lilian Rahal, apresentou os resultados da pesquisa na abertura do evento e falou sobre os primeiros achados nos estudos. São mais de 25 milhões de pessoas vivendo nos desertos alimentares e 14,7 milhões nos pântanos alimentares. “Para nós é importante evidenciar as diferenças regionais e o grande valor é conseguir reconhecer os territórios prioritários”, avaliou.
Para a secretária do MDS, as ações permitem melhores políticas de ofertas de alimentos, principalmente para a população em extrema pobreza. “Conseguimos ofertar esse instrumento para que gestores dos estados consigam aperfeiçoar seus trabalhos com medidas que ampliem o acesso ao consumo de alimentos saudáveis”, explicou.
A plataforma foi desenvolvida pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em parceria com o grupo de políticas públicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz e a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), da Universidade de São Paulo (USP).
Para a secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, essa é uma iniciativa que fortalece os sistemas nos municípios. “A gente acredita muito no resultado que essa estratégia pode trazer. A gente tem a premissa de que direcionar políticas públicas aos territórios mais afetados é fundamental para conseguirmos o direito humano à alimentação”, avaliou.
O chefe do MDA, ministro Paulo Teixeira, enfatizou que o estudo desenvolvido e a Plataforma Alimenta Cidades são meios de alcançar uma realidade mais justa no país, colaborando no combate à fome, à pobreza e à insegurança alimentar. “O presidente Lula lidera duas ideias: a primeira é que o Brasil saia da fome em 2026. A segunda ideia é para que o mundo faça uma Aliança Global para que todos (os países) saiam do Mapa da Fome. Por isso, são fundamentais esses processos.”
Uma das inovações do estudo, é que ele agrega a perspectiva de renda e vulnerabilidade do território, além de uma resolução espacial detalhada, permitindo informações mais precisas para orientar a priorização de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional, e promover maior eficiência nos sistemas alimentares locais, a partir de uma perspectiva saudável, sustentável e inclusiva.
Entre as políticas públicas que podem ser priorizadas estão: agricultura urbana e periurbana, equipamentos de segurança alimentar e nutricional, feiras, rede de abastecimento popular e a restrição de oferta de ultraprocessados em espaços públicos.
O estudo também teve a colaboração da Secretaria de Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS e de pesquisadores do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), Escola Politécnica da USP, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, além da validação da metodologia em uma oficina com pesquisadores e gestores.
A cerimônia ainda contou com a presença do secretário-executivo adjunto do MCid, Antônio Vladimir Lima.
DESERTOS ALIMENTARES
Locais e comunidades que tenham disponibilidade e acesso limitados aos alimentos saudáveis. No estudo, consideraram-se desertos alimentares as áreas geográficas nas quais a disponibilidade e a acessibilidade aos alimentos saudáveis são limitadas em zero a cinco estabelecimentos que ofertam alimentos saudáveis em até 15 minutos de caminhada para cada 1 mil habitantes.
PÂNTANOS ALIMENTARES
Territórios com abundância de estabelecimentos comerciais que ofertam ultraprocessados. No estudo consideraram-se pântanos alimentares as áreas geográficas onde há uma abundância de estabelecimentos que oferecem, sobretudo, opções alimentares não saudáveis, como os alimentos ultraprocessados. Ou seja, 15 estabelecimentos não saudáveis acessíveis em até 15 minutos de caminhada para cada 1 mil habitantes.
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