Por: Dra. Angela Honda*
Doença comum, conhecida pelo principal sintoma de ‘falta de ar’, e que acomete cerca de 20 milhões de brasileiros[1]: assim é a asma. Apesar de popularmente conhecida como “bronquite”, boa parte dos pacientes com asma enfrentam desafios na busca pelo diagnóstico correto e controle da doença, que se traduzem em aumento progressivo dos episódios de crises (chamadas também de exacerbações); e em um alto número de idas à emergência e hospitalizações, sendo a 4ª maior causa de internações no Sistema Único de Saúde (SUS)[2].
Falando especialmente da forma mais grave da doença, que se manifesta por meio de sintomas frequentes, mesmo em uso de tratamento padrão otimizado, há um importante cenário a considerar. Cerca de 3 a 5% das pessoas com asma poderão desenvolver a forma grave da doença[3] e, ainda que esses pacientes sejam minoria, apresentam um risco aumentado de idas constantes ao pronto-socorro, internações e até óbitos. Em média, pacientes com asma grave visitam as unidades de emergência 15x mais quando comparados aos pacientes com asma moderada[4].
No Brasil, aproximadamente 20 milhões de pessoas, incluindo crianças e adultos, vivem com asma, de acordo com o Ministério da Saúde [5]. Embora haja uma melhora na compreensão da sociedade sobre a doença e os desafios enfrentados pelos pacientes com asma, ainda estamos aquém de contemplar totalmente as necessidades dos pacientes graves, que necessitam de um tratamento personalizado conforme o tipo de inflamação de sua doença.
No SUS, por exemplo, embora exista um protocolo robusto de tratamento para a doença, cerca de 17%[6] dos pacientes com asma alérgica grave não contam com uma opção de tratamento mais individualizada para seu perfil. A introdução de novas opções terapêuticas tem o potencial de transformar o controle da asma grave, oferecendo alternativas para casos que não respondem aos tratamentos dito padrão com broncodilatadores e corticoide inalatório.
Felizmente, há uma oportunidade de mudar esse cenário. A Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) está em processo de análise para inclusão de novos tratamentos para a asma grave no Sistema Único de Saúde, marcando um passo importante na melhoria do atendimento aos pacientes. Durante esse processo, é aberto uma oportunidade para a participação ativa de diferentes setores da sociedade, por meio de uma Consulta Pública.
Esse mecanismo, disponível a todos os cidadãos, permite que qualquer pessoa maior de 18 anos, assim como profissionais de saúde, instituições, associações de pacientes e cuidadores manifestem sua opinião sobre a relevância de incluir novos tratamentos no SUS. A consulta ocorre por meio de um formulário online, no site da Conitec, na plataforma Participa + Brasil, proporcionando que a população participe das decisões que afetam a saúde pública.
A evolução contínua do SUS e sua capacidade de integrar avanços científicos são vitais para garantir que pacientes com doenças crônicas, como a asma grave, tenham acesso a tratamentos de ponta. Afinal, com tantos tratamentos inovadores disponíveis, não é aceitável que continuemos perdendo vidas de brasileiros para uma doença que pode ser controlada e tratada.
*Dra. Angela Honda é pneumologista, Diretora executiva e líder de Programas educacionais da Fundação ProAR
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