Victor Missiato, professor de História do Colégio Presbiteriano Mackenzie, unidade Tamboré. Doutor em História e analista político
As eleições para a Câmara dos Deputados e Senado, marcadas para o dia 1º de fevereiro, deverão inaugurar a correlação de forças para as eleições de 2026. A atual conjuntura política em Brasília inspira cenários dramáticos para a segunda metade do governo Lula. Os candidatos favoritos às duas casas são Hugo Motta (Republicanos), substituindo Arthur Lira, no Congresso, e Davi Alcolumbre (União Brasil), que deverá suceder Rodrigo Pacheco, no Senado.
Entre 2023 e 2024, Lula obteve o pior resultado da história em termos de aprovação das Medidas Provisórias (MP). Seu derretimento popular, visto nas últimas pesquisas, favorece a manutenção da força política do Congresso frente às negociações para a distribuição de emendas parlamentares, bem como maior protagonismo em uma possível reformulação ministerial, embora essa última barganha já não possua o mesmo impacto político que anos anteriores. Prova disso é a recente declaração do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que possui três ministérios e, mesmo assim, qualificou Fernando Haddad, ministro da Fazenda, como um “ministro fraco”.
A tendência para 2025 é que Motta e Alcolumbre apoiem ou enfraqueçam as medidas do governo mediante seu apoio popular. A margem de manobra diminuiu muito com os altos índices de inflação, preço do dólar e aumento da dívida pública. Em um cenário de fortalecimento do conservadorismo nas Américas, a única possibilidade de reduzir danos é a possibilidade de o agro salvaguardar uma redução dos preços, de acordo com uma possível safra recorde no radar.
As cartas estão lançadas: o centro político, principal vitorioso nas eleições municipais de 2024, consolida a manutenção de sua força e presença nas próximas eleições das casas legislativas. No campo da direita, todas as energias estarão dedicadas à aprovação de uma medida que permita que Bolsonaro concorra às eleições de 2026. Na esfera da esquerda, minoria nas duas Casas, a meta é diminuir os danos e tentar evitar uma grande onda conservadora no ano que vem. O tabuleiro será remontado.
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