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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

A cada ano o Brasil forma menos engenheiros - mercado já sente a falta desses profissionais

Dados da Companhia de Estágios mostram que a escassez de profissionais já é notada em vagas de início de carreira. Veja como as empresas estão lidando com o tema



A escassez de engenheiros está sendo sentida pelo mercado. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontaram um déficit de 75 mil engenheiros no país no ano de 2023. Como um indicador de atenção para a demanda futura destes profissionais, a falta de engenheiros tem se refletido também nos processos seletivos de estágios, conforme dados internos da Companhia de Estágios, líder em recrutamento e seleção de estagiários, trainees e jovens aprendizes

Entre 2022 e 2024, houve um crescimento de 10% no volume de vagas de estágio oferecidas para engenheiros. No mesmo período, ocorreu uma queda de 24% no número de candidatos provenientes de cursos de Engenharia.  "Essa discrepância entre o aumento das vagas e a diminuição do número de candidatos é um reflexo da falta de interesse pela carreira”, diz Jéssica Gondim, Gerente de Projetos da Companhia de Estágios

Segundo a especialista, essa queda de interesse é agravada pela percepção de baixos salários iniciais e principalmente pela dificuldade de ingresso no mercado. “É possível encontrar com facilidade engenheiros que nunca conseguiram ingressar  na carreira, e acabaram atuando em áreas em que não é necessária uma formação superior, como transporte por aplicativos, por exemplo. Isso desmotiva futuros jovens a ingressar na área”. 

Em 2024, nas oportunidades conduzidas pela Companhia de Estágios, a relação candidato/vaga na área de Engenharia foi de 36 para cada vaga, que é uma baixa concorrência, enquanto a média geral, considerando todas as outras formações, é de 135 candidatos por vaga, o que demonstra menor procura e uma escassez de novos talentos na área.

Os dados estão de acordo com um cenário que já vem sendo noticiado pela imprensa. Recentemente, o Estadão reportou diminuição de 23% no total de calouros nos cursos de Engenharias nos últimos dez anos, indo de 469,4 mil ingressantes em graduações da área no ano de 2024 para 358,4 mil em 2023, conforme análise de dados do Ministério da Educação. 

“Caso nenhuma ação seja tomada, o problema pode ser agravado no médio prazo. Engenheiros são indispensáveis para áreas como infraestrutura, tecnologia e transição energética e importantes para impulsionar inovações, desenvolver soluções para problemas estruturais e contribuir para o avanço das indústrias em um cenário de crescente demanda por transformações tecnológicas e sustentáveis”, comenta Gondim. 

Estratégias para as empresas 

Para driblar o problema, muitas empresas têm investido mais na contratação e formação de estagiários como estratégia para lidar com o déficit de engenheiros. "É mais eficaz contratar jovens talentos, apoiar sua formação técnica e teórica, e retê-los após a formação, do que buscar profissionais prontos que podem não ter o alinhamento necessário com a cultura da empresa", afirma. Além disso, as empresas têm flexibilizado alguns requisitos, como exigências de semestres e conhecimentos em idiomas ou ferramentas específicas, para aumentar a adesão a suas vagas de estágio.

As empresas também estão se adaptando às mudanças no mercado, ampliando as oportunidades para estudantes de outros cursos, dependendo da área de atuação. Na área de negócios e dados, por exemplo, não é raro ver empresas aceitando estudantes de Economia, Administração e cursos correlatos, em um esforço para mitigar a escassez de engenheiros no mercado.

Engenharia de Produção, Engenharia Mecânica e Engenharia Elétrica continuam sendo os cursos mais procurados pelas empresas, mas a escassez de candidatos em áreas como Engenharia Civil e Engenharia Elétrica tem gerado preocupações. A escassez de estagiários é uma realidade, com empresas enfrentando dificuldades para preencher as vagas em um momento em que a procura por profissionais qualificados é crescente.

Apesar da adaptação do mercado de estágio, o desinteresse pela Engenharia pode estar vinculado à percepção de poucas perspectivas de crescimento, especialmente no início da carreira. “Muitos jovens preferem áreas como Tecnologia, Ciência de Dados e Finanças, que oferecem salários mais altos e possibilidades de avanço mais rápidas”, afirma Gondim. “Esse cenário, somado à escassez de profissionais com o perfil adequado, evidencia a necessidade urgente de valorizar a carreira e melhorar as condições de ingresso e crescimento na Engenharia, uma área essencial para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país”. 


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