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De 2000 a 2022, na população de 25 anos ou mais, a proporção de pessoas pretas ou pardas com nível superior completo cresceu mais de cinco vezes. - Foto: Isa Lima Secom/UnB |
Agência IBGE - De 2000 a 2022, na população do país com 25 anos ou mais de idade, a proporção de pessoas que tinham nível superior completo cresceu 2,7 vezes: de 6,8% para 18,4%. Nesse período, o percentual de pessoas sem instrução ou sem concluir o ensino fundamental caiu de 63,2% para 35,2%. Além disso, a população nessa faixa etária com nível “Médio completo e superior incompleto” cresceu de 16,3% para 32,2% entre 2000 e 2022, enquanto as pessoas com “Fundamental completo e médio incompleto” passaram de 12,8% para 14,0%.
Os dados são do Censo Demográfico 2022: Educação: Resultados Preliminares da Amostra, divulgado hoje (26/02) pelo IBGE. O evento de lançamento ocorrerá a partir das 10h no Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, localizado no bairro Farroupilha, em Porto Alegre (RS).
A divulgação também contará com transmissão pelo IBGE Digital e pelas redes sociais do Instituto. Os resultados poderão ser acessados no portal do IBGE e em plataformas como o SIDRA e o Panorama do Censo.
De 2000 a 2022, proporção de pretos e pardos com nível superior ficou cinco vezes maior
“Comparando os resultados de 2022 com operações censitárias anteriores, nota-se que o aumento da proporção de pessoas com nível superior ocorreu para todos os grupos de cor ou raça”, observa Bruno Perez, um dos analistas deste módulo do Censo 2022. Em 2000, a proporção da população branca com 25 anos ou mais que tinha nível superior (9,9%) era mais de quatro vezes superior ao verificado na população de cor ou raça parda (2,4%) e preta (2,1%).
De 2000 para 2022, essas proporções se elevaram 2,6 vezes para a população branca (25,8%), 5,2 vezes para as pessoas de cor ou raça parda (12,3%) e 5,8 vezes para a população preta (11,7%).
A proporção de pessoas com nível superior é mais alta entre a população amarela: 44,1% tinham nível superior completo, enquanto apenas 17,6% possuíam o nível “Sem instrução e fundamental incompleto”.
O maior percentual de pessoas com 25 anos ou mais sem instrução e com ensino fundamental incompleto estava entre a população de cor ou raça preta (40,5%) e parda (40,1%). Para a população de cor ou raça branca da mesma faixa etária, a proporção de pessoas sem instrução com ensino fundamental incompleto era de 29,2%.
A população de cor ou raça indígena apresentou o menor nível de instrução. Entre as pessoas de cor ou raça indígena de 25 anos ou mais, apenas 8,6% tinham nível superior completo, enquanto mais da metade (51,8%) não tinham instrução ou possuíam apenas ensino fundamental incompleto.
Nível de instrução das mulheres supera o dos homens
Desagregando as informações sobre nível de instrução por sexo, nota-se que as mulheres tinham, em 2022, em média, melhor nível de instrução do que os homens.
Entre as mulheres com 25 anos ou mais, 20,7% tinham nível superior completo, proporção que entre os homens da mesma faixa etária era de apenas 15,8%. Já a proporção da população com 25 anos ou mais sem instrução e com fundamental incompleto era de 37,3% entre os homens e 33,4% entre as mulheres.
Distrito Federal tem 37,0% das pessoas de 25 anos ou mais com nível superior completo
Em 2022, na população de 25 anos ou mais, a Unidade da Federação com a maior proporção de pessoas com nível superior completo foi o Distrito Federal (37,0%), bem adiante da segunda colocada, São Paulo (23,3%). Já a menor proporção estava no Maranhão (11,1%). Os dois estados estavam nas mesmas posições no Censo 2000, quando o Distrito Federal tinha 15,3% da sua população com 25 anos ou mais com nível superior completo, e o Maranhão tinha 1,9%
Entre as Unidades da Federação, em 2022, o Piauí tinha a maior proporção de pessoas de 25 anos ou mais sem instrução e com fundamental incompleto e o Distrito Federal tinha a menor (19,2%).
Em 3.008 municípios, isto é, na maioria dos municípios brasileiros, mais da metade da população tinha o nível de instrução “Sem instrução e fundamental incompleto”. Na situação oposta, em 75 municípios, mais de um quarto da população com 25 anos ou mais tinha ensino superior completo.
Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, São Caetano do Sul (SP) tinha a maior proporção da população de 25 anos ou mais com nível superior completo em 2022. Belford Roxo (RJ) tinha a menor, com 5,7%. Outros municípios nas periferias de Regiões Metropolitanas das capitais apresentaram resultados semelhantes, como é o caso de Queimados (RJ) (7,4%), São João de Meriti (RJ) (7,2%), Santa Rita (PB) (7,1%), Francisco Morato (SP) (6,8%), Maranguape (CE) (6,7%).
População amarela tem 12,2 anos de estudo, a maior média
Desagregando a média de anos de estudo da população de 25 anos ou mais por cor ou raça, destaca-se a população de cor ou raça amarela (12,2 anos), seguida da população de cor ou raça branca (10,5 anos), parda (8,8 anos), preta (8,7 anos) e indígena (7,4 anos).
Para Bruno Perez, “a vantagem da população de cor ou raça branca em relação a população de cor ou raça preta ou parda quanto à média de anos de estudos se repetia em todas as Grandes regiões, todas as Unidades da Federação e nos 150 municípios de maior população”.
Número médio de anos de estudo das pessoas com 11 anos ou mais de idade, segundo os grupos de idade, o sexo e a cor ou raça | |||||
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Município | Cor ou raça | ||||
Branca | Preta | Amarela | Parda | Indígena | |
Brasil | 10,5 | 8,7 | 12,2 | 8,8 | 7,4 |
São Paulo (SP) | 12,0 | 10,3 | 13,2 | 9,9 | 10,6 |
Rio de Janeiro (RJ) | 12,3 | 10,2 | 12,5 | 10,4 | 11,2 |
Brasília (DF) | 12,8 | 10,8 | 13,6 | 11,3 | 10,0 |
Fortaleza (CE) | 11,4 | 9,2 | 11,1 | 9,9 | 9,8 |
Salvador (BA) | 12,6 | 10,0 | 12,0 | 10,7 | 10,9 |
Belo Horizonte (MG) | 12,7 | 10,1 | 12,5 | 10,7 | 10,4 |
Manaus (AM) | 11,5 | 9,9 | 13,3 | 10,6 | 9,5 |
Curitiba (PR) | 12,4 | 10,9 | 13,6 | 10,7 | 10,6 |
Recife (PE) | 12,3 | 9,7 | 11,6 | 10,3 | 10,1 |
Goiânia (GO) | 12,1 | 10,1 | 12,9 | 10,8 | 10,3 |
Porto Alegre (RS) | 12,4 | 10,0 | 13,9 | 10,1 | 9,6 |
Belém (PA) | 12,0 | 10,3 | 13,3 | 10,7 | 9,8 |
Guarulhos (SP) | 11,0 | 9,7 | 12,0 | 9,6 | 9,9 |
Campinas (SP) | 12,0 | 10,2 | 13,1 | 9,8 | 9,9 |
São Luís (MA) | 12,0 | 10,7 | 11,6 | 10,8 | 10,6 |
Maceió (AL) | 11,1 | 9,0 | 9,7 | 9,6 | 8,3 |
Campo Grande (MS) | 11,6 | 9,8 | 12,6 | 10,1 | 8,8 |
São Gonçalo (RJ) | 10,4 | 9,2 | 10,8 | 9,5 | 8,9 |
Teresina (PI) | 11,9 | 9,5 | 9,2 | 10,3 | 7,6 |
João Pessoa (PB) | 12,0 | 9,7 | 13,2 | 10,5 | 9,1 |
O número de anos de estudo é calculado pelas informações da série e nível ou grau que a pessoa estava frequentando ou havia concluído. Para o ensino fundamental completo, são considerados 9 anos de estudo; ensino médio completo, 12 anos de estudo e ensino superior completo, 16 anos de estudo. Mestrado, doutorado e especialização de nível superior não adicionam anos de estudo na metodologia adotada, ou seja,16 anos é o valor máximo.
São Caetano do Sul (SP) tem a maior média de anos de estudo: 12,7
No Brasil, em 2022, o número médio de anos de estudo da população com 25 anos ou mais era de 9,6 anos. Entre as Unidades da Federação, os pontos extremos foram o Distrito Federal (11,8 anos) e Piauí (7,9 anos). No conjunto de municípios com mais de 100 mil habitantes, o maior valor foi registrado em São Caetano do Sul (SP), 12,7 anos, e o menor em Breves (PA), 6,5 anos.
São Caetano do Sul (SP), Niterói (RJ), Florianópolis (SC), Vitória (ES), Balneário Camboriú (SC), e Santos (SP) tinham médias acima de 12 de anos de estudo para a população de 25 anos ou mais. Em 2022, a média de anos de estudo no mesmo grupo etário era inferior a cinco anos em 40 municípios do país, sendo 30 deles no Nordeste.
Frequência escolar está abaixo da meta do PNE nas faixas de 0 a 3 e de 4 a 5 anos
O Censo 2022 apurou que, na população brasileira com 0 a 3 anos de idade, a taxa de frequência escolar bruta era de 33,9%. Entre as pessoas de 4 a 5 anos, a taxa em 2022 foi de 86,7%. Já entre as pessoas entre 6 a 14 anos, esse indicador foi de 98,3%, enquanto na faixa de 15 a 17 anos foi de 85,3%. Na faixa de 18 a 24 anos, a taxa de frequência escolar bruta foi de 27,7%. Por fim, entre as pessoas de 25 anos ou mais, a taxa de frequência escolar bruta foi de 6,1%.
A analista Juliana Queiroz lembra que “a meta 1 do Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece como objetivos a universalização da educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e a ampliação da oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 (três) anos”.
De 2000 a 2022, frequência à escola ou creche cresce em quase todas as faixas etárias
Entre as operações censitárias de 2000 e 2022 houve crescimento na frequência à escola ou creche na faixa etária até 17 anos de idade. As variações mais expressivas foram registradas nos grupos mais jovens: entre as crianças de 0 a 3 anos, a taxa de frequência escolar bruta avançou 24,5 pontos percentuais, passando de 9,4% aos já mencionados 33,9%.
Na faixa de 4 a 5 anos de idade, a elevação foi de 35,3 pontos percentuais (de 51,4% a 86,7%). Nas faixas etárias posteriores, o avanço foi mais modesto. No grupo de 6 a 14 anos, onde a escolarização já se encontrava relativamente mais próxima a universalização, a elevação registrada foi de 5,2 pontos percentuais, enquanto na faixa de 15 a 17 anos foi de 7,6 pontos percentuais.
Ao contrário do que ocorreu nos grupos etários mais jovens, na faixa etária entre 18 e 24 anos de idade, a taxa bruta de frequência escolar se reduziu 0,7 pontos percentuais entre 2000 e 2010, e depois mais 2,9 pontos entre 2010 e 2022. Para Juliana Queiroz, “esse resultado se deve à redução da parcela de jovens dessa faixa etária frequentando ensino médio ou níveis anteriores”.
Piauí lidera e Amapá tem a menor taxa de frequência à escola na faixa dos 4 a 5 anos
Entre as Unidades da Federação também pode ser observado uma grande discrepância entre a frequência à escola ou creche. Entre a população de 0 a 3 anos de idade, a maior frequência à escola ou creche foi em São Paulo (49,2%). Na faixa etária seguinte, de 4 a 5 anos, a maior taxa de frequência escolar bruta foi no Piauí (94,6%). O Distrito Federal registrou as maiores taxas de frequência escolar bruta tanto para a faixa de 6 a 14 anos de idade (99,0%), como para os grupos entre 15 a 17 anos (89,5%) e entre 18 a 24 anos (36,8%).
As menores taxas de frequência escolar bruta, entre as Unidades da Federação, foram encontradas no Amapá, para as faixas de 0 a 3 anos de idade e de 4 a 5 anos de idade (12,0% e 65,0%, respectivamente). Já Roraima apresentou as menores taxas para os grupos de 6 a 14 anos (91,5%), 15 a 17 anos (78,8%) e 18 a 24 anos de idade (24,0%)
Juliana observa que “em apenas 646 dos 5570 municípios brasileiros a taxa de frequência escolar bruta das crianças de 0 a 3 anos superava 50%, que é o patamar definido na meta 1 do Plano Nacional de Educação. Além disso, em 325 municípios, esse indicador estava abaixo de 10%, incluindo 31 municípios onde nenhuma criança de 0 a 3 anos frequentava escola ou creche”.
Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes em 2022, São Caetano do Sul (SP) obteve a maior taxa de frequência escolar bruta tanto na faixa etária entre 4 e 5 anos (97,8%) como na faixa etária de 18 a 24 anos (49,8%).
Em 2022, país tinha 2,5 milhões de formados em Direito
Em 2022, o Brasil tinha 2.467.521 pessoas graduadas na área detalhada de Direito, e 553.538 pessoas graduadas na área detalhada de medicina.
Em 2022, havia uma pessoa com curso de graduação concluído em medicina para cada 186,9 moradores do Distrito Federal. Já no Maranhão, havia 921,7 moradores para cada pessoa com curso de graduação concluído em medicina. Esses eram os pontos extremos entre as Unidades da Federação.
Entre os graduados em Medicina, 75,5% eram de cor ou raça branca
A distribuição da população com nível superior completo por cor ou raça difere bastante entre as diferentes áreas detalhadas dos cursos de graduação concluídos. Entre as pessoas com graduação concluída na área de “Medicina”, por exemplo, 75,5% eram da cor ou raça branca.
Já entre as pessoas com graduação concluída na área de “Serviço social”, a proporção de pessoas de cor ou raça branca era, em 2022, de 47,2%. Esses eram respectivamente o maior e o menor valor entre as 40 áreas detalhadas com maior ocorrência em 2022.
Mulheres predominam nas áreas de Serviço Social e Enfermagem
A área de “Serviço social” tinha a maior participação feminina, considerando-se as 40 áreas detalhadas com maior ocorrência. Em 2022, 93,0% das pessoas com curso de graduação concluído em “Serviço Social” eram mulheres.
As mulheres registravam também participação expressiva entre as pessoas com cursos de graduação concluído em áreas como “Enfermagem” (86,3%) e “Formação de professores sem áreas específicas” (92,8%). No polo oposto, apenas 7,4% das pessoas com curso de graduação concluído na de “Engenharia Mecânica e Metalurgia” eram mulheres.
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