Obra organizada por docente da USP reúne análises sobre a trajetória intelectual e as decisões econômicas de 15 personagens que definiram os rumos do país entre1985 e 2018
Em um país cuja história econômica parece avançar aos solavancos, ora impulsionada por euforias passageiras, ora refreada por crises profundas, entender o que guiou a condução das finanças públicas torna-se um exercício indispensável para pensar seu presente e futuro. É a partir desse pano de fundo que surge Os homens da moeda: o que pensavam os ministros da Fazenda da Nova República (1985-2018), livro organizado por Ivan Colangelo Salomão e lançado pela Editora Unesp. Esta obra mergulha nas ideias e contradições dos responsáveis por moldar a política econômica brasileira entre o fim da ditadura e a consolidação da democracia.
Para alcançar este objetivo, 20 pesquisadores, das mais diversas universidades do país, examinam o pensamento econômico de 15 figuras – incluindo a única mulher a ocupar a pasta nesse intervalo –, iluminando não só as inflexões intelectuais que acompanharam as transformações do país, mas também o contraste entre planos teóricos e realizações práticas, marcado por momentos de euforia, estagnação, reforma e crise. “Sinto-me honrado em escrever este prefácio, mas confesso uma dificuldade: sou um dos ministros analisados”, aponta Luiz Carlos Bresser-Pereira. “Enfrentei o pico de uma crise econômica que, anos depois, se mostrou a mais grave da história republicana brasileira: a inflação explodindo após o fim do Plano Cruzado, os salários em queda, as empresas e os estados da federação fragilizados, o país em moratória externa e sem reservas. A economia brasileira viria a enfrentar novas crises entre o final do século XX e o início do XXI, que felizmente não alcançaram a mesma dimensão.”
A publicação situa essas trajetórias ministeriais no contexto mais amplo de turbulência política, avanços institucionais e busca pela estabilidade financeira que caracterizaram a Nova República. Ao percorrer as incertezas dos primeiros anos pós-ditadura, os esforços para controlar a inflação, os dilemas da abertura econômica e as tentativas de disciplinar as contas públicas, o livro revela os bastidores da construção e desconstrução de modelos de desenvolvimento econômico ao longo de três décadas.
“Como se sabe, o desenvolvimento civilizacional é obra coletiva. Diversos foram os atores políticos e sociais por trás de transformações tão profundas por que passou a economia brasileira nas três décadas em tela”, registra o organizador da obra. “Em todos os casos, coube ao ministro da Fazenda de ocasião liderar a formulação, a implementação e a gestão das políticas adotadas pelas diferentes administrações. Assim, faz-se oportuno aprofundar a compreensão acerca da trajetória intelectual desses homens que, de alguma maneira, personificaram as mudanças levadas a cabo no país entre 1985 e 2018. De Francisco Dornelles a Henrique Meirelles, a história dos quinze ministros aqui analisados representa mais uma peça para a interpretação, ainda em construção, do mosaico que foi a Nova República.”
Sobre o autor – Ivan Colangelo Salomão é professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da Universidade de São Paulo (USP). Bacharel em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestre e doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pós-doutor em História pela Universidade da Califórnia (Ucla). Editor-chefe dos periódicos Revista de Economia (UFPR) e História Econômica & História de Empresas (Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica – ABPHE). De sua autoria, a Editora Unesp já publicou, em 2021, Os homens do cofre: O que pensavam os ministros da Fazenda do Brasil Republicano (1889-1985).
Autor: Ivan Colangelo Salomão
Número de páginas: 432
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 110
ISBN: 978-65-5711-269-4
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