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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Vestibulares seriados: um caminho justo para o ensino superior

Juliana Galvão, especialista em vestibulares seriados e cofundadora da Sofista Learning Divulgação


Por Juliana Galvão, especialista em vestibulares seriados e cofundadora da Sofista Learning*


O acesso ao ensino superior é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento pessoal e profissional de qualquer indivíduo, mas discutir a democratização desse acesso não é uma tarefa simples, já que modelos tradicionais de vestibulares que vigoram há muitos anos, como o da Fundação Universitária para o Vestibular (FUVEST) e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), estabelecem um funil altamente competitivo que muitas vezes privilegia aqueles com maior acesso a recursos educacionais.

É nesse contexto que os vestibulares seriados, como o Provão Paulista, despontam como uma solução justa e eficaz para transformar o sonho universitário em uma realidade no caso de jovens com recursos reduzidos, comparados àqueles exigidos pelas provas tradicionais.

O tempo como aliado: a evolução contínua

Para começar, diferente do modelo convencional, que concentra toda a avaliação em uma única e estressante prova, os vestibulares seriados distribuem as etapas ao longo do ensino médio. Esta abordagem não só alivia a pressão psicológica sobre os estudantes, mas também proporciona uma oportunidade mais justa de avaliação ao longo do tempo, permitindo que eles identifiquem forças e fraquezas e ajustem estratégias de estudo conforme avançam na formação acadêmica.

O que costuma ser uma corrida contra o relógio passa a ser uma jornada contínua. Os erros, que em outros contextos são recebidos como imperdoáveis, transformam-se em oportunidades para corrigir a rota e obter resultados melhores nas etapas seguintes. Outro ponto positivo é que esse modelo não se limita a testar conteúdos de forma acumulada e isolada.

Provas seriadas, como o Programa de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade de Brasília (UnB) - que contempla 50% das vagas de todos os cursos de graduação da universidade - e o Programa de Ingresso Seletivo Misto (PISM) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), atribuem maior peso às etapas finais, reconhecendo que a etapa 1, referente ao primeiro ano do Ensino Médio, é frequentemente o primeiro contato desses estudantes com uma prova de vestibular. Dessa forma, tal abordagem reconhece que o aprendizado não ocorre de forma linear, uma vez que eles precisam de tempo para se adaptar ao formato das provas e à soma de conhecimento. 

Fomentar a equidade

Já o próprio Provão Paulista é um exemplo claro de como esse modelo pode ser transformador. Em 2024, mais de 15.390 vagas foram disponibilizadas exclusivamente para alunos da rede pública em instituições de renome como Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (UNICAMP), Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP) e Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATECs). 

Mais um aspecto significativo dos vestibulares seriados, particularmente evidente no Provão Paulista, é a adaptação do nível de dificuldade das provas, gerando oportunidades de preparação para estudantes de escolas públicas, equiparados aos colegas de instituições privadas.

Universidade para todos, de etapa em etapa

Diante de todos os pontos levantados, não restam dúvidas: os vestibulares seriados representam um grande avanço na democratização do ensino superior. Acima de tudo, eles demonstram que é sim possível encontrar saídas para o modelo tradicional e rígido de avaliação que - mesmo que inconscientemente - tem assombrado os jovens há tantos anos.

Se a meta é um sistema educacional mais inclusivo e eficaz, iniciativas como essas devem ser colocadas no centro dos holofotes. O futuro da educação superior no Brasil deve incluir todos, sem exceção, e a equidade não pode ser deixada de lado na equação. Isso depende de ações concretas por parte dos indivíduos envolvidos nestes processos. Assim como disse o educador Paulo Freire, "a educação não transforma o mundo. A educação muda as pessoas. As pessoas transformam o mundo". 

*Cofundadora do Tudo Sobre o PAS UnB, que posteriormente se tornou Sofista Learning, Juliana Galvão é graduada em licenciatura em música pela UnB e pós-graduada em Marketing Digital pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM/SP). Na Sofista, atua como mentora e especialista em provas seriadas do Brasil.  

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