Áreas protegidas da Amazônia são refúgio para onças-pintadas em um bioma cada vez mais degradado - Blog A CRÍTICA
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quinta-feira, 13 de março de 2025

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Áreas protegidas da Amazônia são refúgio para onças-pintadas em um bioma cada vez mais degradado

Unidades de conservação e territórios indígenas ainda mantém populações estáveis da espécie, mesmo com avanço do desmatamento e da caça ilegal.

 

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Em preto, áreas onde o grupo de pesquisadores instalou câmeras para o registro das onças-pintadas.

Áreas protegidas da Amazônia internacional concentram populações de onças-pintadas e agem como escudo da espécie no Arco do Desmatamento. Em novo artigo, publicado na edição de março da revista científica Biological Conservation, pesquisadores alertam para a necessidade de conservar a floresta, especialmente em regiões mais ameaçadas, para a proteção da espécie.
 

O estudo mapeou populações de onça-pintada em 22 áreas protegidas da Amazônia por meio de 40 câmeras instaladas em parques nacionais, reservas extrativistas e terras indígenas no Brasil, Equador, Peru e na Colômbia. As áreas monitoradas foram escolhidas a fim de garantir a representatividade de todos os tipos de ecossistemas amazônicos, como florestas de terra firme, igapós e várzeas em diferentes altitudes, médias de temperatura e níveis de pressão humana.
 

Segundo o artigo, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, registrou uma concentração de quase 10 onças por 100 km2, totalizando 1.180 fotografados, a maior concentração de espécimes encontrada na área de estudo, com um índice comparável aos registrados no Pantanal, que concentra uma média de 12 onças por 100km2. Em Rondônia, na Floresta Nacional do Jamari, foram registradas apenas duas onças.
 

“A destruição de habitats e a caça levou a redução expressiva e até o desaparecimento de populações de onça-pintada em diversas regiões das Américas. Então conhecer e identificar áreas onde ainda há abundância de indivíduos pode ser de grande ajuda no desenho de estratégias e ações de conservação mais eficientes para a espécie. Esse foi um esforço coletivo para entendermos melhor a distribuição da onça-pintada em todo o bioma, que atualmente é onde se concentra a maior população da espécie em toda a sua área de distribuição”, afirma Carlos Durigan, pesquisador do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e um dos autores do estudo.

 

Onde vivem as onças
 

À medida que os rios criam ecossistemas diversos dentro do próprio bioma amazônico, o estudo também buscou entender a relação entre os tipos de floresta e a população de onças. De acordo com as imagens capturadas, a espécie habita com mais frequência as áreas de várzea, que concentram maior quantidade de alimentos e facilitam a locomoção. Os cientistas indicam que locais com grande presença de humanos forçam as onças a percorrerem áreas maiores a fim de garantirem o acesso a quantidades adequadas de alimento.

 

Desde 1985, a Amazônia brasileira perdeu 53 milhões de hectares para o desmatamento, que converteu áreas de florestas nativas em pastagens e lavouras. O desmatamento também tem contribuído para a degradação do bioma, que agora registra entre 19 milhões e 34 milhões de hectares de vegetação nativa degradada pelo fogo, efeito de borda, seca e extração ilegal de madeira. Com a degradação, áreas da floresta ainda se mantêm de pé, mas desempenham cada vez menos dos seus serviços ecossistêmicos, como a ciclagem da água e do carbono, além de serem mais suscetíveis a queimadas e secas, prejudicando a fauna e a flora dessas áreas.
 

Como foi feita a pesquisa
 

Para identificar as diferentes onças-pintadas fotografadas, pesquisadores analisaram os padrões únicos de pintas e pelagens em cada animal. Ao todo, foram registradas 389 onças entre 2005 e 2020. Além disso, o estudo destaca que a maior parte das imagens foram capturadas por câmeras instaladas em estradas de terra e trilhas em meio à floresta fechada, indicando que a espécie prefere esses caminhos para se deslocar com facilidade.


A iniciativa contou com a participação de pesquisadores do IPAM; WWF; ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade); RedeFauna; IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis); Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia); Universidade do Pará; Universidade de Roraima; Universidade de Princeton e o Zoológico de San Diego, dos Estados Unidos.

 

Recomendações para proteger a espécie

 

Com base nos resultados coletados, o grupo de pesquisadores reafirma a importância de criar novas áreas de proteção e o aumento dos investimentos que garantam uma boa gestão em terras já existentes. Ainda segundo os pesquisadores, áreas como a Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, a Estação Ecológica Terra do Meio, no Pará, e o Parque Nacional do Juruena, em Mato Grosso, ainda concentram grandes grupos de onças, mas são ameaçados pelo avanço do Arco do Desmatamento – fronteira agrícola que se estende do leste e sul do Pará em direção oeste, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre.
 

“Enfatizamos a necessidade de mais iniciativas de conservação, especialmente em áreas que abrigam grandes populações de onças-pintadas e estão sob maiores ameaças, como as áreas do Arco do Desmatamento. Sozinhas, as 22 áreas que analisamos concentram uma população surpreendente, superando até mesmo estimativas para países inteiros altamente relevantes para a conservação da onça-pintada, como o México”, destaca um trecho do artigo.

 

O estudo também ressalta a destinação das florestas públicas não destinadas como parte da proteção das onças amazônicas. Hoje, essas terras de domínio dos governos estaduais ou federal que aguardam pela definição de uso somam 56,6 milhões de hectares, mesma área da Espanha, e vêm sofrendo cada vez mais com a grilagem. Uma pesquisa do IPAM revela que, entre 2019 e 2021, mais da metade (51%) do desmatamento ocorreu em terras públicas, sendo as florestas públicas não destinadas as mais atingidas.

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