Ao contrário do que muitos pensam, as flutuações da moeda americana não afetam apenas quem trabalha diretamente com ela, mas todos os consumidores brasileiros
Em 2025, o dólar americano apresentou variações significativas em relação ao real brasileiro. No início do ano, a cotação estava em torno de R$ 6,18, refletindo uma alta em relação ao fechamento de 2024. Já no final de fevereiro, o dólar estava cotado a aproximadamente R$ 5,70, indicando uma desvalorização acumulada de cerca de 7,69% desde o início do ano. O que muitos não entendem é que a variação do dólar afeta não apenas os que trabalham diretamente com a moeda americana, mas também o dia a dia e o orçamento das famílias brasileiras.
A influência da alta do dólar afeta a saúde, com o aumento do valor dos medicamentos, equipamentos e consequentemente dos planos de saúde; a compra e venda de produtos eletrônicos que dependem de componentes comprados em dólar; a educação com o aumento do preço de materiais importados; o turismo já que com o aumento do dólar, as viagens internacionais se tornam menos viáveis e há um aumento da demanda por destinos nacionais, elevando os preços de pacotes e hospedagens no país e ainda o valor das compras no supermercado já que muitos alimentos e insumos agrícolas são importados ou têm seus preços atrelados ao dólar.
“Movimentos da moeda americana (queda ou elevação) impactam diretamente o custo dos transportes e, consequentemente, dos produtos. Quando os preços dos insumos aumentam, podem gerar um efeito cascata, elevando os preços de uma ampla gama de produtos, incluindo alimentos e combustíveis, impactando o custo de vida da população”, explica o assessor de investimentos da WFlow, Caristhon de Azevedo, pontuando que esse aumento pode contribuir para inflação e consequentemente para aumentar as dívidas das famílias brasileiras.
“Para conter a inflação, o Banco Central do Brasil promove a alta dos juros, que é uma ferramenta da política monetária. Isso faz com que consumidores com sobra de recursos prefiram deixar seu dinheiro aplicado em vez de utilizá-lo para o consumo e isso contém a inflação. Por outro lado, há uma parcela da população que necessita de crédito para o dia a dia, e juros mais elevados impactam substancialmente seu endividamento”, explica.
Essas flutuações da moeda americana refletem a volatilidade do mercado cambial, influenciada por diversos fatores econômicos e políticos, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Caso o dólar continue a se valorizar nos próximos meses, as expectativas para a economia brasileira são muito negativas.
“Se o dólar continuar subindo, a inflação poderá se manter elevada por mais tempo, corroendo o poder de compra da população; os juros tenderão a ficar elevados por mais tempo, prejudicando a saúde de famílias e empresas; a dívida do governo se elevará de forma mais rápida, reflexo dos juros elevados; investidores internacionais ficarão desconfiados com a situação do país e deixarão de investir aqui, enfim, impactos muito negativos no decorrer do tempo”, comenta, acrescentando que uma das formas de minimizar os impactos da variação da moeda americana é fazer um bom planejamento financeiro, equilibrar gastos e receita e se possível, ter parte do patrimônio dolarizado.
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