Empresas brasileiras devem se preparar para mudanças drásticas no comércio internacional
Embora mais moderadas que as tarifas de até 60% prometidas durante sua campanha, a decisão de Trump tem gerado reações de seus principais parceiros comerciais Pressfoto no Freepik
Menos de uma semana após assumir o cargo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou a possibilidade de impor tarifas de 10% sobre produtos importados da China já a partir de 1º de fevereiro. As medidas, segundo Trump, são justificadas pelo envio de substâncias como fentanil através do México e do Canadá, além de práticas comerciais que o presidente chamou de abusivas.
Embora mais moderadas que as tarifas de até 60% prometidas durante sua campanha, a decisão de Trump tem gerado reações imediatas de seus principais parceiros comerciais. Em resposta, a China prometeu proteger seus interesses nacionais e reforçou que “guerras comerciais não têm vencedores”. Enquanto isso, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que o Canadá está preparado para retaliar com contratarifas bilionárias, caso as medidas sejam implementadas.
Para empresas brasileiras que atuam nos Estados Unidos ou possuem cadeias de suprimentos interligadas com esses mercados, as tarifas podem representar um aumento nos custos operacionais e uma necessidade urgente de reorganização logística.
Impactos globais e reflexos no Brasil
Joice Izabel, sócia da Drummond Advisors e especialista nos mercados brasileiro e estadunidense, alerta para os impactos globais que essas medidas podem desencadear, afirmando que “mesmo com tarifas mais brandas do que as prometidas inicialmente, qualquer movimento que afete os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos pode criar um efeito cascata, gerando instabilidade econômica e tensionando as relações diplomáticas”.
Ainda de acordo com Joice, empresas e investidores, inclusive brasileiros, precisam estar atentos aos próximos passos do governo Trump, que tendem a impactar cadeias de suprimentos em nível global.
“Empresas brasileiras exportadoras, especialmente do setor agrícola, podem ser diretamente impactadas, dada a sua presença significativa no mercado americano e nos países vizinhos. Além disso, setores como o de tecnologia e bens de consumo devem observar os desdobramentos das novas tarifas”, frisa.
União Europeia
Na Europa, Trump também advertiu que irá impor tarifas sobre o bloco econômico, comentando que a União Europeia trata os EUA de forma injusta, afirmando que a equidade só pode ser restabelecida com tarifas. As reações a essas declarações só aumentam a apreensão em relação ao futuro das relações comerciais globais.
“É essencial que as empresas com operações internacionais, incluindo as brasileiras, reavaliem suas estratégias e garantam o cumprimento das normas em vários mercados. Com os alertas de mudanças nas tarifas, há um risco real de aumento nos custos operacionais, redução de competitividade e possíveis retaliações de parceiros comerciais dos EUA”, reforça Joice Izabel.
Efeitos sobre consumidores e mercados
As tarifas são um pilar central na agenda econômica de Trump, que acredita que elas podem impulsionar o crescimento econômico, proteger empregos e aumentar a arrecadação fiscal. Contudo, economistas destacam que tais medidas também podem resultar em preços mais altos para os consumidores americanos e prejudicar empresas expostas a retaliações estrangeiras.
Para o Brasil, as mudanças podem afetar a exportação de produtos agrícolas, como soja e carne, que compõem uma parte significativa do comércio com parceiros dos EUA. Além disso, companhias brasileiras com operações nos Estados Unidos, como nos setores de alimentos e tecnologia, correm o risco de enfrentar desafios adicionais relacionados à logística e aos custos operacionais.
Com mais de 80% das exportações do México e 75% das do Canadá direcionadas aos EUA, esses dois países estão entre os mais vulneráveis às novas tarifas. A China, por sua vez, também desempenha um papel crítico, sendo um dos maiores fornecedores de bens importados pelos EUA. A quebra de acordos comerciais pode gerar um efeito dominó global, afetando cadeias de suprimentos e paralisando mercados inteiros.
Recomendações para empresas brasileiras
Diante desse cenário, a Drummond Advisors recomenda que empresas brasileiras, tanto as que atuam no mercado interno quanto as que têm operações no exterior, fiquem atentas a possíveis mudanças nas regulações comerciais, revisem suas estratégias e considerem alternativas para mitigar riscos em meio à crescente incerteza.
“A capacidade de adaptação será essencial para empresas brasileiras que exportam para os EUA ou que dependem de insumos provenientes de mercados impactados pelas tarifas,” conclui Joice.
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