"Esse cenário pode fortalecer a imagem do governo no curto prazo, mas a manutenção dos juros elevados pode frear o crescimento em 2025"
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
"No cenário macroeconômico, esse resultado impacta diretamente na estabilidade do governo, reforçando uma trajetória de crescimento moderado, mas sem grandes rupturas. A expansão da Indústria e dos Serviços sugere resiliência, especialmente em áreas como a construção e a comunicação, que têm mostrado recuperação. No entanto, o desempenho da Agropecuária e a necessidade de ajustes fiscais e monetários podem gerar desafios para o governo no curto prazo, especialmente em um contexto de inflação persistente", Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
"O crescimento do PIB no 4°Tri ficou aquém da mediana das expectativas. A tendência de redução no ritmo do crescimento já era dada como um consenso entre os economistas, mas o que observamos foi uma retração mais agressiva na demanda, especialmente consumo das famílias. Os dados mensais de atividade econômica já vinham representando queda consistente do consumo no varejo, com a PMS e PMS corroborando essa tese com números fracos em novembro e dezembro. A queda das exportações, que também apresentou queda relevante, foi puxada por desaceleração na produção industrial e agropecuária, corroborada por maior incerteza no cenário externo, e, portanto, menor demanda estrangeira. Nesse mesmo contexto, observamos performance muito ruim do Agro, também influenciado por menores safras de produtos participativos na balança comercial, como o próprio caso do café. Ainda, acompanhamos incrementos de preço em proteínas, com destaque para carne bovina e ovos, que foram muito potencializados não só pela fase do ciclo do boi e escassez de oferta, mas pelo câmbio depreciado que também trouxe forte incremento de preço para os consumidores. O resultado corrobora a visão de uma economia em desaceleração, apesar de ainda trazer um carrego estatístico positivo para 2025. Observamos como a política monetária se materializou em menor nível de consumo no último trimestre, o que fortalece a convicção de que o BC não tenha necessidade de subir os juros para além dos 15% já precificados. A despeito do resultado mais tímido, esperamos crescimento contínuo até a metade de 2025, puxado pelo pagamento dos precatórios, reajustes salariais acima da inflação, pagamento de décimo terceiro dos aposentados, e liberação do saque aniversário para os demitidos do FGTS desde janeiro de 2020. Fatores que, somados, devem causar impulso de liquidez na economia e dar algum fôlego para o consumo no curto-prazo", José Alfaix, Economista Da Rio Bravo.
"O PIB do Brasil cresceu 3,4% em 2024, totalizando R$ 11,7 trilhões, impulsionado pela agropecuária e pelo consumo das famílias. O resultado sinaliza uma economia resiliente, mas também aumenta a pressão inflacionária, o que levou o Banco Central a subir a Selic em 1% para conter os preços. Esse cenário pode fortalecer a imagem do governo no curto prazo, mas a manutenção dos juros elevados pode frear o crescimento em 2025. No câmbio, a reação dependerá do equilíbrio entre o crescimento econômico e a política monetária mais rígida. O desafio agora é manter a inflação sob controle sem comprometer a atividade econômica", Pedro Ros, CEO da Referência Capital.
"O PIB brasileiro em 2024 manteve um crescimento sólido, seguindo a trajetória positiva dos últimos anos. O Brasil tem demonstrado uma sequência consistente de bons resultados. O destaque deste ano é a diversificação da economia. Nos últimos anos, a agropecuária foi o principal motor do PIB, mas, mesmo sem esse setor repetir os números anteriores em 2024, os outros setores ganharam força. O setor de serviços, que tem o maior impacto no PIB, e a indústria conseguiram equilibrar o desempenho econômico, garantindo um crescimento robusto. Isso evidencia a resiliência da economia brasileira. Nenhum setor cresce indefinidamente, e a agropecuária, em especial, está sujeita a variações climáticas e outros fatores externos. A diversificação econômica é essencial para sustentar o crescimento em momentos de oscilações setoriais. Por outro lado, o aumento da taxa Selic no segundo semestre do ano passado já começa a produzir efeitos. O crescimento mais moderado do PIB no último trimestre reflete essa política monetária. Além disso, fica cada vez mais evidente como empresas e consumidores estão atentos às ações do Banco Central, cuja influência na economia real tem se tornado mais rápida e perceptível. Outro ponto relevante é o crescimento de 6% nas atividades financeiras e de seguros, demonstrando o nível de sofisticação da economia brasileira, apesar dos desafios que ainda precisam ser superados. O comércio, setor sempre desafiador, cresceu 4,2%, enquanto a indústria de transformação, uma peça-chave para o desenvolvimento do país, avançou 3,8%. Esse crescimento é fundamental, pois um setor industrial fortalecido tende a impulsionar outras áreas da economia nos próximos anos, garantindo uma base sólida para novos avanços", Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.
"O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 3,4% em 2024, totalizando R$ 11,7 trilhões. No entanto, no quarto trimestre, a economia desacelerou, apresentando um crescimento de apenas 0,2% em relação ao trimestre anterior, abaixo das expectativas do mercado, que previa uma alta de 0,5%. Essa desaceleração pode ser atribuída ao aperto da política monetária, com a Selic já em 13,25% ao ano e um aumento de mais 1% esperado para este mês, visando conter a inflação.
O crescimento mais modesto no último trimestre de 2024 e a perspectiva de novas elevações na taxa de juros pelo Banco Central podem afetar a estabilidade econômica e política do país. Apesar do atual presidente do BC ter sido indicado por Lula, membros do governo têm ressoado críticas de setores produtivos que argumentam que o aumento dos juros prejudica o crescimento econômico, emprego e investimentos. O problema é que, para o Brasil conseguir ter taxas de juros menores de forma estrutural, amplas reformas são necessárias, especialmente no orçamento do governo. Contudo, elas não costumam ser populares ou gerar efeitos no curtíssimo prazo, que é a grande preocupação do governo, que luta com popularidade em níveis historicamente baixos. Dessa forma, o governo tem feito um desserviço ao país e ao trabalho do Banco Central de conter a inflação ao anunciar políticas populistas que visam aumentar a popularidade do presidente no curto prazo, nem que isso leve a mais aumentos nas taxas de juros. Fica claro, portanto, que esse cabo de guerra entre o BC, que luta para conter a inflação, e o governo, que já está pensando nas eleições de 2026, gera um cenário de incerteza que trava investimentos no país e torna mais difícil prever o que podemos esperar para economia nos próximos 2 anos", Felipe Vasconcellos, Sócio da Equus Capital.
O crescimento mais modesto no último trimestre de 2024 e a perspectiva de novas elevações na taxa de juros pelo Banco Central podem afetar a estabilidade econômica e política do país. Apesar do atual presidente do BC ter sido indicado por Lula, membros do governo têm ressoado críticas de setores produtivos que argumentam que o aumento dos juros prejudica o crescimento econômico, emprego e investimentos. O problema é que, para o Brasil conseguir ter taxas de juros menores de forma estrutural, amplas reformas são necessárias, especialmente no orçamento do governo. Contudo, elas não costumam ser populares ou gerar efeitos no curtíssimo prazo, que é a grande preocupação do governo, que luta com popularidade em níveis historicamente baixos. Dessa forma, o governo tem feito um desserviço ao país e ao trabalho do Banco Central de conter a inflação ao anunciar políticas populistas que visam aumentar a popularidade do presidente no curto prazo, nem que isso leve a mais aumentos nas taxas de juros. Fica claro, portanto, que esse cabo de guerra entre o BC, que luta para conter a inflação, e o governo, que já está pensando nas eleições de 2026, gera um cenário de incerteza que trava investimentos no país e torna mais difícil prever o que podemos esperar para economia nos próximos 2 anos", Felipe Vasconcellos, Sócio da Equus Capital.
"O crescimento de 3,4% do PIB do Brasil em 2024, impulsionado pelos setores de serviços, indústria e consumo das famílias, teve impacto direto na inflação, pois a desaceleração da atividade no último trimestre pode resultar em pressões inflacionárias mais moderadas. Apesar de ficar abaixo da expectativa do mercado financeiro, o crescimento contínuo ainda indica um cenário de consumo robusto, o que pode afetar os preços e a dinâmica econômica no próximo ano", André Matos, CEO da MA7 negócios.
"Com um crescimento econômico consistente e um mercado de trabalho aquecido, a inflação segue sendo um desafio central. O avanço do consumo das famílias e dos investimentos pode aumentar a pressão sobre os preços, tornando necessária uma postura mais rígida do Banco Central. A recente elevação dos juros em 1% busca conter esse movimento, mas pode desacelerar setores dependentes de crédito, como comércio e construção civil. O governo precisará monitorar os impactos dessa decisão para evitar uma desaceleração abrupta da economia", João Kepler, CEO da Equity Group.
"A decisão do Banco Central de elevar a Selic em 1% reflete a preocupação com a inflação persistente diante do crescimento do PIB. Apesar do avanço da economia, juros mais altos encarecem o crédito e podem afetar setores como comércio e construção civil. A desaceleração desses segmentos pode reduzir o consumo e os investimentos, trazendo desafios para o governo manter o ritmo econômico em 2025", Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.
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