Após semanas de paralisação, os caminhões da coleta de lixo voltaram a circular em Caicó, revelando o estado precário da frota municipal. Os veículos estavam inutilizados, e a cidade segue sendo atendida por uma coleta semanal — insuficiente diante da demanda. Em muitas ruas, seriam necessárias ao menos duas coletas por semana, considerando os maus hábitos no descarte de resíduos.
Como já noticiado anteriormente, a interrupção do serviço transformou a cidade em um amontoado de lixo a céu aberto. Diante da repercussão negativa, o atual líder da oligarquia que controla o Hospital do Seridó decidiu gravar um vídeo promocional no canteiro de obras do novo aterro sanitário. A construção está sendo feita com recursos de emenda parlamentar — como quase todas as obras realizadas na cidade. A receita própria do município, descontadas as despesas obrigatórias, tem sido direcionada principalmente para a promoção de eventos festivos.
Enquanto isso, o antigo lixão, ainda em uso, foi palco de sucessivos incêndios nos últimos dias, liberando fumaça tóxica e agravando os riscos à saúde pública. A obra do aterro caminha lentamente, a passos de tartaruga, sem previsão clara de conclusão.
A oligarquia que domina Caicó consolidou-se por meio de práticas assistencialistas, como distribuição de sopas e favores médicos ligados ao hospital. Com a melhora da renda local nos últimos anos, a estratégia evoluiu: agora, a manipulação da opinião pública se dá via grandes eventos e festas, que anestesiam a população e mantêm a popularidade de seus chefetes.
A cidade, viciada em entretenimento, vive em função dos shows. A máquina pública sustenta essa lógica distribuindo cargos comissionados a blogueiros e influenciadores locais, que atuam como porta-vozes da gestão.
O vídeo no aterro, portanto, foi mais que uma prestação de contas: tratou-se de uma ação de marketing destinada a abafar o escândalo do colapso na coleta de lixo e a incompetência na gestão de equipamentos básicos.



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