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terça-feira, 8 de julho de 2025

Nordeste registra a terceira maior taxa nacional de uso de plataformas ilegais de apostas

Instituto Locomotiva revela que 61% dos apostadores na região recorrem a sites clandestinos; perdas fiscais nacionais superam R$ 10,8 bilhões por ano

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil


O mercado ilegal de apostas online no Brasil, formado por operadores não licenciados e que atuam à margem da recém-implementada regulamentação, representa um problema sério de bilhões de reais aos cofres públicos e uma armadilha para apostadores desinformados. É o que aponta o estudo inédito “Fora do Radar: Dimensionamento e impactos socioeconômicos do mercado ilegal de apostas no Brasil”, realizado pela consultoria LCA e apoiado pelo IBJR (Instituto Brasileiro de Jogo Responsável). Os dados são aprofundados pela pesquisa “Incidência de Apostas Ilegais no Brasil”, do Instituto Locomotiva, que mapeia o comportamento do apostador e revela a dificuldade que eles têm em identificar quais plataformas operam legalmente.


Região Nordeste ocupa a terceira posição no ranking nacional de apostas em plataformas que operam à margem da regulamentação brasileira. Segundo levantamento do Instituto Locomotiva, 61% dos apostadores nordestinos afirmam utilizar sites sem licença — índice superado apenas pelo Centro-Oeste (71%) e Norte (66%). Na sequência estão o Sudeste (60%) e o Sul (54%).


O cenário na região nordestina é expressivo e preocupante: além da maioria declarar apostar em plataformas ilegais, 75% dos entrevistados afirmaram já ter utilizado ao menos uma marca sem licença entre as estimuladas pela pesquisa.

Realizada entre abril e maio de 2025 com 2 mil apostadores adultos, a pesquisa do Instituto Locomotiva serviu de base para o estudo econômico elaborado pela LCA. O levantamento estima que entre 41% e 51% do mercado brasileiro de apostas ainda esteja em ambiente não regulamentado. A atividade dessas plataformas irregulares gerou um impacto fiscal alarmante: entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2,7 bilhões deixaram de ser arrecadados em apenas três meses – o que pode chegar a R$ 10,8 bilhões em um ano.


Para efeito de comparação, esse valor seria suficiente para pagar o salário anual de até 184 mil professores da educação básica ou a construção de até 41 mil casas do programa “Minha Casa, Minha Vida”.


“Os números são estarrecedores e demonstram a urgência de um combate efetivo ao mercado ilegal. Paradoxalmente, apenas cinco meses após ter pactuado as condições de operação no mercado com os operadores, o governo presenteia as ilegais com um aumento de carga tributária para os regulamentados. Isso traz uma quebra de confiança e enorme insegurança jurídica para o setor e para o Brasil. Todos acabam perdendo – os operadores mais sufocados com impostos, o apostador sem a proteção das regras do mercado formal e o governo, que com esse estímulo à ilegalidade, acabará prejudicando não só o mercado, mas também a própria arrecadação”, afirma Fernando Vieira, presidente executivo do IBJR.


A regulamentação do setor, em vigor desde 1º de janeiro de 2025, determina que apenas operadores licenciados podem atuar legalmente no país, com obrigações tributárias, normas operacionais e mecanismos de proteção ao apostador. Por serem concessionárias, as bets reguladas devem pagar R$ 30 milhões ao governo federal para operarem. Ainda assim, 61% dos entrevistados admitiram ter feito apostas em plataformas irregulares neste ano — muitas vezes, sem plena consciência dos riscos envolvidos.


Consumidor vulnerável


Dados do Instituto Locomotiva acendem um alerta sobre a dificuldade do consumidor em identificar quais plataformas operam legalmente:

 78% consideram difícil distinguir sites legais dos ilegais;

 72% afirmam que nem sempre conseguem verificar a regularidade das plataformas;

 46% dos entrevistados já depositaram dinheiro em uma plataforma posteriormente identificada como falsa ou irregular.


Além disso, 3 em cada 4 apostadores afirmam ter utilizado pelo menos uma das principais plataformas ilegais mapeadas em 2025. A incidência é ainda maior em populações mais expostas ao mercado ilegal, sem as proteções instaladas pelas plataformas regulamentadas.


Ainda segundo a pesquisa da Locomotiva, as táticas utilizadas por operadores ilegais incluem o uso de nomes semelhantes aos de marcas legalizadas, mudanças frequentes de domínio e publicidade desregulada por meio de influenciadores digitais, com promessas enganosas de lucro fácil. Apesar dos esforços das autoridades — que já desativaram mais de 11 mil domínios irregulares — a atuação desses sites persiste, muitas vezes ancorada em servidores e domínios internacionais.


“A confusão do consumidor é explorada por esses operadores ilegais. Por isso, é fundamental manter campanhas educativas, reforçar a comunicação clara sobre os riscos e garantir que os órgãos reguladores atuem com firmeza na fiscalização e na punição exemplar dos infratores”, destaca Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.


A pesquisa da Locomotiva também mostra que 87% dos apostadores defendem que o poder público atue de forma incisiva contra plataformas de apostas irregulares.


O IBJR tem promovido uma série de iniciativas para enfrentar essa realidade, como campanhas de conscientização sobre golpes e práticas ilegais, monitoramento da mídia que divulga sites não licenciados e ações voltadas à educação do consumidor.


Os dados representam mais do que um diagnóstico do setor. São um chamado urgente para uma ação coordenada entre autoridades, operadores licenciados e a sociedade civil, com o objetivo de proteger o cidadão, garantir a integridade do mercado e assegurar que os benefícios socioeconômicos das apostas regulamentadas cheguem à população brasileira.


Como saber se um site de apostas é seguro?


Ao apostar em uma plataforma online, a segurança deve ser prioridade. Existem pontos importantes que ajudam o consumidor a identificar se um site é confiável. Por exemplo, os sites autorizados pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA):

 Devem obrigatoriamente utilizar o domínio “.bet.br”. Caso não utilize, a plataforma não está autorizada a operar no Brasil.

 Adotam um sistema rígido de cadastro, que exige reconhecimento facial para impedir o acesso de menores de 18 anos. Além do envio de documentos e demais checagem que identifiquem o apostador.

 Oferecem limites de perdas financeiras e tempo de jogo, além de mecanismos de IA para detectar comportamentos de risco do apostador e enviar alertas.

 Somente permitem transações via PIX e débito da conta do titular do cadastro. Não aceitando cartões de crédito e nem criptomoedas

 As plataformas oficiais oferecem mecanismos de auto exclusão para jogadores vulneráveis.

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