Um estudo publicado em 14 de agosto de 2025 na revista científica BMC Environmental Health reforçou a preocupação da comunidade médica sobre o uso do paracetamol (também conhecido como acetaminofeno ou pelo nome comercial Tylenol) durante a gravidez. A pesquisa sugere que a exposição pré-natal ao medicamento pode estar associada a um risco maior de desenvolvimento de transtornos do neurodesenvolvimento (TDN), incluindo autismo e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
O trabalho foi liderado por cientistas da Icahn School of Medicine at Mount Sinai e teve como autor sênior Andrea Baccarelli, reitor da Escola de Saúde Pública T.H. Chan de Harvard e professor de saúde ambiental. Também participaram pesquisadores de diversas instituições internacionais.
Revisão rigorosa de evidências
A equipe analisou 46 estudos anteriores, que juntos englobaram dados de mais de 100 mil participantes. Utilizando a metodologia de Revisão Sistemática do Navigation Guide — um padrão reconhecido para avaliar riscos em saúde ambiental —, os cientistas encontraram evidências consistentes de associação entre o uso de paracetamol na gestação e o aumento da incidência de transtornos do neurodesenvolvimento nas crianças.
Segundo os pesquisadores, há mecanismos biológicos plausíveis que explicam a associação, como o atravessamento da barreira placentária, possíveis efeitos sobre processos hormonais e a indução de estresse oxidativo que pode impactar o desenvolvimento cerebral do feto.
Uso consciente e sob supervisão
Apesar dos achados, os autores ressaltaram que o medicamento continua sendo uma das opções mais seguras disponíveis para tratar febre e dor materna — condições que, se não controladas, também podem representar riscos para a saúde da mãe e do bebê.
“Recomendamos o uso criterioso de paracetamol —
Debate permanece aberto
A publicação se soma a um conjunto crescente de pesquisas que investigam a segurança do paracetamol na gestação. Enquanto estudos como este reforçam a hipótese de associação com autismo e TDAH, outras pesquisas — como um estudo sueco de larga escala publicado em 2024 no Journal of the American Medical Association (JAMA) — não encontraram evidências significativas dessa ligação.
O próprio artigo menciona ainda que o autor sênior, Andrea Baccarelli, atuou como testemunha especialista em um processo judicial sobre possíveis vínculos entre paracetamol e transtornos do neurodesenvolvimento, o que é informado na seção de “interesses conflitantes” do estudo.
Orientação médica é essencial
Diante das evidências divergentes, especialistas destacam que gestantes não devem interromper por conta própria o uso de medicamentos. A recomendação é discutir alternativas com profissionais de saúde, sempre avaliando riscos e benefícios para mãe e bebê.
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