País perde liderança na América Latina, mas se destaca em pesquisa, capital humano e sofisticação empresarial
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| Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil |
O Brasil caiu pelo segundo ano consecutivo no Índice Global de Inovação (IGI) e está em 52º entre 139 países. O ranking anual é elaborado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) e conta com a colaboração da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa analisou 80 indicadores, divididos entre insumos de inovação (inputs) e resultados de inovação (outputs).
Os resultados dos últimos dois anos interrompem uma trajetória de crescimento brasileiro, entre 2020 e 2023. O país também perdeu a liderança entre as 21 economias da América Latina e Caribe, ultrapassado pelo Chile.
De acordo com o especialista em Inovação da CNI, André França, é importante compreender as diferenças econômicas entre Brasil e Chile para interpretar o ranking. “O Brasil é um país de renda média-alta. O Chile, líder no ranking, é uma economia menor, mas de alta renda – ou seja, mais rica, que também pressupõe ser mais inovadora. O Chile está performando como esperado e o Brasil está acima dessa performance esperada para outros países de renda média-alta”, detalha.
Entre as 36 economias de renda média-alta, o Brasil ocupa o 5º lugar, atrás de China, Malásia, Turquia e Tailândia. André França destaca que essa é a primeira vez que a China aparece entre as dez economias mais inovadoras do mundo.
O relatório evidencia ainda uma desaceleração global nos investimentos em pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e novos produtos, após o crescimento observado no período pós-pandemia.
Índice Global de Inovação: destaques do Brasil
O Brasil apresentou melhor desempenho em resultados de inovação (50º lugar) do que em insumos de inovação (63º lugar). Isso evidencia a capacidade de transformar investimentos em produtos e serviços, mas também revela limitações em áreas como infraestrutura e pesquisa, educação e desenvolvimento.
Diante dos dados, França reforça a necessidade de aprimorar o ambiente de negócios no país: “Governo mais eficaz, agências reguladoras mais qualificadas, alinhadas com práticas internacionais. Aí sim, teremos uma performance de inovação, de desenvolvimento de novos serviços e produtos inovadores, que vai, inclusive, nos alçar a melhores posições”, ressalta.
Destaques positivos:
- 7º lugar mundial em mercado consumidor;
- 9º lugar em alto volume de marcas registradas;
- 16º em negócios de capital de risco em estágio avançado;
- 17º em importações de serviços de tecnologia da informação e comunicação;
- 17º em pagamentos de propriedade intelectual.
O relatório também aponta avanços expressivos em:
- veículos elétricos (+132,6%, 2023/24);
- 5G (+86,9%, 2022/23);
- registro internacional de patentes (+23,9%, 2023/24);
- robótica (+10%, 2022/23).
Pontos fracos:
- 128º em estabilidade regulatória para negócios;
- 118º em formação bruta de capital;
- 106º em taxa tarifária aplicada;
- 100º em graduados em ciências e engenharias;
- 78º em cultura empreendedora.
A indústria brasileira tem papel central no ambiente de inovação, com empresas como Petrobras, Vale, Embraer e TOTVS entre as duas mil que mais investem em pesquisa e desenvolvimento no mundo.
Já entre as universidades, destacam-se as de São Paulo (USP), Campinas (Unicamp) e Rio de Janeiro (UFRJ). Também ganham espaço as startups Quinto Andar, C6 Bank e Nuvemshop.
Ações de fomento à pesquisa na indústria
A CNI realiza uma série de ações de fomento ao desenvolvimento industrial. Entre elas, está o acordo de cooperação técnica com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para ampliar a inserção de pesquisadores no setor produtivo. A iniciativa tem como meta reforçar a inovação, a competitividade industrial e a integração entre empresas e academia.



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