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segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Brasil precisa de programa nacional para monitorar populações expostas a pesticidas

Foto: EBC


O Brasil só alcançou a posição de líder mundial na produção de alimentos graças ao uso de tecnologias como os pesticidas. Diferente de países de clima temperado, que enfrentam uma ou duas safras ao ano e têm invernos rigorosos que reduzem naturalmente a incidência de pragas, o Brasil, por estar em região tropical, cultiva praticamente o ano todo. Isso significa também conviver com condições ideais para a proliferação contínua de insetos, fungos e doenças agrícolas. Nesse cenário, os pesticidas foram decisivos para garantir produtividade e segurança alimentar.

Segundo o Prof. Dr. Angelo Zanaga Trapé, professor-doutor aposentado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (Unicamp) e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), riscos atribuídos aos pesticidas surgem não pelo produto em si, mas pelo manuseio incorreto e pela falta de acompanhamento das populações mais expostas. Por isso, o especialista defende a criação de um Programa Nacional de Atenção à Saúde de Populações Expostas a Pesticidas.


Quem precisa de mais atenção?


“Trabalhadores rurais que manuseiam os produtos, agricultores envolvidos em atividades de colheita e até mesmo familiares que vivem próximos às áreas de produção podem estar em contato com pesticidas. Isso não significa que estejam intoxicados, mas que precisam de acompanhamento adequado”, explica Trapé.


Onde está o problema hoje?


De acordo com o especialista, o maior desafio está na falta de capacitação dos profissionais de saúde e na ausência de protocolos claros de monitoramento. “O sistema de notificação ainda é falho. Muitas vezes não se diferencia uma simples exposição de um caso real de intoxicação, o que gera distorções nos dados e prejudica a prevenção”, alerta.


Como funcionaria o programa?


Trapé sugere que a iniciativa envolva:

  • Atendimento médico especializado para identificar corretamente os casos relacionados à exposição;
  • Capacitação dos profissionais de saúde em áreas agrícolas;
  • Monitoramento periódico das populações expostas, com exames laboratoriais quando necessário;
  • Educação e conscientização sobre o uso correto e seguro dos pesticidas;
  • Fortalecimento da fiscalização e do cumprimento das normas já existentes.

Um aliado para a agricultura sustentável


Para o professor, a proposta não é restringir o uso de defensivos agrícolas, mas sim dar mais segurança a quem trabalha no campo: “Quando usados de forma adequada, com equipamentos de proteção individual e acompanhamento de saúde, os pesticidas cumprem sua função essencial sem colocar em risco o trabalhador. O programa traria mais equilíbrio e reforçaria a imagem de um agro sustentável e responsável.”

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