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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Fim de ano intensifica violência doméstica; saiba como identificar os sinais de risco

Período de festas e maior consumo de álcool criam um ambiente perigoso para as mulheres: saiba onde buscar ajuda



Para muitas mulheres, as festas de fim de ano, que deveriam ser sinônimo de alegria e confraternização, transformam-se em um período de medo e tensão. O convívio prolongado e muitas vezes forçado com o parceiro, somado ao estresse financeiro típico da época e ao aumento do consumo de álcool, cria um gatilho perigoso que faz disparar os casos de violência doméstica. Estatísticas de diversas regiões do país confirmam essa tendência, apontando um crescimento expressivo no número de agressões registradas durante feriados e fins de semana.
 

Segundo a advogada criminalista Mariana Rieping, especialista em Crimes de Gênero e membro da Comissão Nacional de Combate à Violência Doméstica da OAB, a combinação de fatores da época é explosiva. "Os principais motivos para o aumento da violência contra a mulher nessa época são o convívio forçado da vítima com seu agressor e o aumento do consumo de álcool", explica.
 

A especialista detalha que o estresse, especialmente o financeiro, somado à bebida, atua como um desinibidor perigoso. "O álcool é um dos grandes catalisadores de comportamentos violentos. Ele ocasiona uma desinibição do agressor, que perde os freios sociais e da moralidade, e acaba revelando um comportamento violento que, de certa forma, estava adormecido", afirma Rieping.
 

O abuso começa antes do tapa


Mariana explica que a violência raramente começa com um tapa ou um soco e, por isso, é fundamental identificar os sinais de abuso antes que a situação escale para agressões físicas. “A violência doméstica não começa com agressões graves ou com feminicídio. Ela começa com atitudes abusivas de violência psicológica e moral", alerta a advogada.
 

É preciso ficar atenta aos comportamentos do parceiro que sinalizam um relacionamento abusivo. Atitudes como o controle e o ciúme excessivo, que se manifestam em questionamentos obsessivos sobre amizades, roupas e horários, são um forte indício. Esse controle muitas vezes evolui para uma fiscalização constante, na qual o agressor exige senhas, vasculha o celular e monitora as redes sociais da vítima. “A violência psicológica também se apresenta por meio de humilhações e críticas, com o parceiro gritando, ofendendo ou desvalorizando a mulher, mesmo que esse comportamento não ocorra na frente de outras pessoas”, alerta a especialista.
 

Outra tática comum é o isolamento, uma tentativa de afastar a vítima de seus amigos e familiares para criar uma relação de dependência. Por fim, a agressividade verbal, expressa por um tom de voz ameaçador, o ato de quebrar objetos ou fazer gestos intimidadores durante discussões, também é um sinal claro de perigo. "É importante que a própria vítima esteja consciente do que é a violência psicológica e quais atitudes não devem ser normalizadas. Identificar é o primeiro passo para romper o ciclo", reforça Mariana.
 

Rede de apoio: primeiro passo para a liberdade


Quando a mulher está imersa no ciclo de violência, amigos e familiares são sua principal barreira de proteção. Medo, vergonha e dependência financeira ou emocional são fatores que silenciam a vítima. "O principal papel dessa rede é oferecer suporte e estar à disposição sem julgamentos", ressalta a especialista. "Muitas vezes essa mulher está fragilizada e com medo. Acolher é mais importante do que questionar."
 

Esse apoio deve ser prático, ajudando a vítima a buscar atendimento psicológico, médico e jurídico. As sequelas do abuso, principalmente o psicológico, são profundas e exigem um cuidado multidisciplinar.
 

Onde buscar ajuda


Se você está em uma situação de violência ou conhece alguém que esteja, existem canais oficiais de denúncia e ajuda. Para casos de emergência, com a violência em andamento, a orientação é ligar imediatamente para a Polícia Militar no número 190, cuja chamada é gratuita e prioritária. Para denúncias, orientações e informações sobre direitos e locais de atendimento, a Central de Atendimento à Mulher, no número 180, é o canal indicado; o serviço é confidencial e funciona 24 horas por dia.
 

Além disso, é fundamental realizar o registro da ocorrência, que pode ser feito na Delegacia da Mulher mais próxima ou, na ausência desta, em qualquer delegacia da Polícia Civil. Nessa situação, diz a especialista que "embora não obrigatório, o acompanhamento de um advogado especializado pode ser fundamental para evitar a revitimização e garantir que seus direitos sejam protegidos."

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