Com o objetivo de discutir o papel da educação na proteção de grupos vulneráveis diante das fragilidades democráticas globais, teve início nesta semana o 1º Congresso Internacional de Direitos Humanos (Cindih). O evento é uma realização conjunta das quatro maiores instituições públicas de ensino do Rio Grande do Norte: IFRN, UFRN, Ufersa e UERN.
A solenidade oficial de abertura ocorreu na noite de quarta-feira (10), no Auditório da Reitoria da UFRN, reunindo reitores, pesquisadores e movimentos sociais. Sob o tema "Educação em Direitos Humanos e vulnerabilidades nas democracias contemporâneas", a conferência magna foi ministrada pelo professor Fernando Bessa, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (Portugal).
Ao abordar como as instituições podem fortalecer a democracia, Bessa evocou o legado de Paulo Freire, defendendo a "conscientização" e o desenvolvimento do senso crítico em oposição ao ensino passivo. "Eu sempre digo aos meus alunos: desconfiem de tudo aquilo que eu vos digo. Isso é o caminho absolutamente necessário para fazermos a crítica e desenvolvermos uma consciência em relação às injustiças e sofrimentos", afirmou o conferencista.
Para o coordenador geral do evento e professor do IFRN, Avelino Neto, a união das instituições potiguares é um marco. "A parceria é essencial para ações de natureza transversal. Pensar os direitos humanos passa por educação, então não tem como fazer isso sem levar em conta as instituições de ensino superior", destacou.
Educação prisional em foco
O congresso funciona como um evento "guarda-chuva", abrigando simultaneamente o 4º Seminário de Educação em Direitos Humanos (Sedih), a Formação em Liderança Feminina e o Simpósio de Educação Prisional (SIP).
Na abertura do simpósio, realizada no Campus Natal-Central do IFRN, a diretora de Cidadania e Alternativas Penais da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), Mayesse Parizi, apresentou dados alarmantes: o Brasil ultrapassou a marca de 700 mil pessoas privadas de liberdade. "Se o país escolheu privar pessoas de liberdade como resposta à violência e o resultado não tem sido mais segurança, então algo precisa ser urgentemente revisto", alertou.
O reitor do IFRN, José Arnóbio de Araújo Filho, reforçou o compromisso da rede federal com a reintegração social. "A educação é um caminho possível para a dignidade, para a autonomia e para a reconstrução de trajetórias", disse Arnóbio.
Programação e impacto
As atividades, que tiveram início na terça-feira (9) com Grupos de Trabalho (GTs) e exposições artísticas, seguem até o dia 12 de dezembro. Os debates cobrem temas como inclusão, sustentabilidade, saúde mental e literatura como resistência. A programação é aberta ao público; dúvidas devem ser enviadas para cindih2025@gmail.com.
Em um dos GTs, o impacto do projeto foi sentido na fala de estudantes que se viram representados nas obras literárias discutidas. "Quando li os primeiros capítulos, disse: 'meu Deus, isso é praticamente a realidade em que estou inserido'. Mesmo tendo saído dessa realidade, hoje sei que posso mudar esse jogo", relatou um aluno participante sobre a obra de José Falero.
Serviço
O quê: 1º Congresso Internacional de Direitos Humanos (Cindih)
Quando: De 9 a 12 de dezembro de 2025 1
Onde: IFRN (Campus Natal-Central e Zona Leste) e UFRN (Reitoria e CCHLA)
Organização: IFRN, UFRN, Ufersa e UERN
Dúvidas: cindih2025@gmail.com
Mais informações: página do evento no Portal IFRN.


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