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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Nascimentos caem pelo sexto ano seguido e casamentos sobem pouco; divórcios têm primeira queda desde 2020

País registrou 1.495.386 de óbitos ocorridos em 2024, número 4,6% maior em comparação com 2023 (1.429.575).


Divórcios em 1ª instância ou realizados por escrituras extrajudiciais caíram 2,8% em um ano - Foto: Freepik


O Brasil registrou em 2024 um novo capítulo de sua transformação demográfica. O número de nascimentos no país caiu pelo sexto ano consecutivo, alcançando 2.376.901 registros — queda de 5,8% em relação a 2023. Trata-se do menor volume da série iniciada em 1974, segundo as Estatísticas do Registro Civil divulgadas pelo IBGE. Todas as regiões tiveram recuos, com destaque para Sudeste (-6,3%), Norte (-6,2%) e Sul (-6,0%). Acre, Rondônia e Piauí lideraram as reduções entre os estados.


A mudança do perfil das mães também segue evidente: apenas 34,6% tinham até 24 anos, frente aos 51,7% de duas décadas atrás. Entre as adolescentes de até 19 anos, a participação caiu de 20,8% (2004) para 11,3% (2024), embora ainda represente 267 mil nascimentos. Já os registros tardios continuam concentrados no Norte, onde um quarto dos nascimentos é formalizado após 15 dias.


Enquanto diminui a chegada de novos brasileiros, os óbitos aumentaram. Em 2024, foram 1.495.386 mortes — alta de 4,6% em relação a 2023. Pessoas com 60 anos ou mais representaram 71,7% das ocorrências. As mortes por causas não naturais permaneceram um fenômeno predominantemente masculino: entre homens, foram 85.244 óbitos desse tipo, 4,7 vezes mais que entre as mulheres. Entre jovens de 15 a 29 anos, a sobremortalidade masculina é ainda mais acentuada, chegando a 7,7 vezes.


Nesse ambiente de mudanças demográficas estruturais, também evoluem os arranjos familiares. O país registrou 428.301 divórcios em 2024, queda de 2,8% em relação a 2023 e primeira redução desde 2020. O recuo ocorreu em quase todas as regiões — Centro-Oeste teve a maior baixa (-11,8%) — enquanto o Norte foi a única exceção, com aumento de 9,1%.


Segundo o IBGE, 81,8% dos divórcios foram concedidos judicialmente. A maior parte ocorreu em famílias com filhos menores (45,8%), seguida pelos casais sem filhos (30,4%). Os homens continuaram se divorciando mais tarde que as mulheres (44,5 anos contra 41,6 anos). A intensidade dos divórcios também diminuiu: para cada 100 casamentos entre pessoas de sexos diferentes, ocorreram 45,7 divórcios, abaixo dos 47,4 do ano anterior.


Pela primeira vez, a guarda compartilhada entre pais ultrapassou a guarda materna nos divórcios judiciais envolvendo filhos menores: 44,6% contra 42,6%. Há dez anos, essa relação era de 7,5% e 85,1%, respectivamente. Segundo a gerente da pesquisa, Klívia Brayner, a mudança reflete a aplicação da Lei 13.058/2014, que prioriza a guarda compartilhada mesmo sem acordo entre os pais.


Os casamentos civis tiveram leve melhora: alta de 0,9%, chegando a 948.925 registros em 2024. Ainda assim, o volume segue abaixo dos patamares pré-pandemia e distante da média de 2015 a 2019. O Centro-Oeste liderou o crescimento (2,6%), enquanto o Nordeste foi a única região com queda (-1,4%). Entre 2022 e 2024, dezembro manteve-se como o mês preferido dos noivos.


Já os casamentos entre pessoas do mesmo sexo alcançaram seu maior número desde o início da série, em 2013: 12.187 registros, crescimento de 8,8%. A maior parte foi entre casais femininos (64,6%). O Centro-Oeste apresentou o maior aumento percentual (28,2%).


As idades ao casar também mudaram significativamente. Entre cônjuges solteiros de sexos diferentes, os homens se casaram, em média, aos 31,5 anos, e as mulheres, aos 29,3. Os casamentos após os 40 anos cresceram de forma consistente nas últimas duas décadas — tanto por adiamento da vida conjugal quanto pelo aumento de recasamentos em uma população mais longeva. Em 2024, 31,1% dos casamentos envolveram pelo menos um cônjuge divorciado ou viúvo.


O conjunto dos indicadores revela um país que envelhece rapidamente, tem menos filhos, convive com maior longevidade e reorganiza seu padrão de vínculos familiares. As tendências se movem lentamente, mas mostram que a estrutura demográfica brasileira está em transformação acelerada — e com reflexos diretos no futuro social, econômico e afetivo do país.

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