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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Brasileiras Ana Maria Vasconcelos e Silvana Tavano vencem Prêmio Oceanos 2025

As vencedoras do Prêmio Oceanos 2025: Silvana Tavano (esq.) e Ana Maria Vasconcelos, Foto: Mik Moreira e Paulo Vitale/Divulgação/Oceanos / Estadão


“Longarinas”, de Ana Maria Vasconcelos, e “Ressuscitar mamutes”, de Silvana Tavano, são os vencedores nas categorias de poesia e prosa do Prêmio Oceanos, que este ano se ficou pelo Brasil, revelou a organização.


O anúncio dos vencedores do Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa foi feito durante uma cerimônia realizada na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo.


“Longarinas”, da poeta alagoana Ana Maria Vasconcelos, foi editado pela 7Letras, enquanto o livro de prosa “Ressuscitar mamutes”, da paulista Silvana Tavano, foi editado pela Autêntica Contemporânea.


Antes do anúncio do vencedor, os dez finalistas foram homenageados com uma apresentação artística dirigida pelo escritor, compositor e cantor Luca Argel, que criou uma melodia para cada livro.


Entre os finalistas da edição deste ano, estavam os portugueses Ricardo Gil Soeiro, Rui Cardoso Martins e Teresa Veiga, assim como o angolano José Eduardo Agualusa e o moçambicano Mia Couto.


Os dez livros finalistas de prosa e de poesia foram selecionados entre 3.142 concorrentes de 488 diferentes editoras do Brasil, de Portugal e dos países africanos de língua portuguesa


Na poesia, chegaram à final, “Lições da Miragem”, de Ricardo Gil Soeiro, “As Coisas do Morto”, do moçambicano Francisco Guita Jr., “Coram Populo – Poesia Reunida Livro 2”, da brasileira Maria do Carmo Ferreira, “Longarinas”, de Ana Maria Vasconcelos, e “O Pito do Pango & Outros Poemas”, do também brasileiro Fabiano Calixto.


Na prosa, a lista de cinco finalistas era composta por “A Cegueira do Rio”, de Mia Couto, “As Melhoras da Morte”, de Rui Cardoso Martins, “Mestre dos Batuques”, de José Eduardo Agualusa, “Vermelho Delicado”, de Teresa Veiga, e o vencedor “Ressuscitar Mamutes”, de Silvana Tavano.


No palco, Luca Argel declarou nunca ter feito algo assim, “um desafio incrível, como mergulhar num oceano, ler os dez livros e encontrar as melodias dentro de cada um”.


Nesta performance de homenagem aos finalistas, participaram também a cantora e compositora Iara Rennó, que cantou “Elástica”, uma canção criada pela própria sobre um poema de Mário de Andrade, figura-chave do Modernismo no Brasil, e a percussionista Victória dos Santos.


A cerimónia ficou marcada ainda por uma intervenção do escritor e ativista indígena Daniel Munduruku, que lembrou a importância de se conhecer a literatura indígena do Brasil.


“Isso é necessário para que a sociedade brasileira enxergue a si mesma pelo convexo do espelho e possa, assim, perceber o quanto tem perdido ao deixar tão ricos olhares fora da construção de uma identidade que se faz da nossa ancestralidade”, afirmou, sob a ovação da plateia.


O evento contou ainda com a presença de Rodrigo Massi, diretor da biblioteca, a quem coube abrir a noite, e com a coordenadora do prémio e diretora da Oceanos Cultura, Selma Caetano, que deu as boas-vindas ao público e celebrou o centenário daquela instituição, lembrando as gerações de escritores, músicos e artistas, de várias nacionalidades, herdeiras de Mário de Andrade.


Os finalistas portugueses foram apresentados pela curadora do Oceanos por Portugal, Isabel Lucas, os africanos ficaram a cargo da professora da Universidade de São Paulo Rita Chaves, especialista em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, e os brasileiros foram enunciados por Manuel da Costa Pinto.


Segundo o curador brasileiro do prémio, o vencedor de poesia, “Longarinas”, quarto livro de Ana Maria Vasconcelos, “privilegia a forma curta para tratar da passagem do tempo e da permanência; uma poesia que se organiza em torno do mínimo e da observação”.


A poeta natural do estado de Alagoas já tinha concorrido ao Prêmio Oceanos em 2024, tendo sido semifinalista, com o livro “O rosto é uma máquina aquosa” (Ofícios Terrestres).


Relativamente a “Ressuscitar Mamutes”, segundo romance de Silvana Tavano, Manuel da Costa Pinto destacou que esta obra mescla os registos do ensaio e da ficção, cruza especulações e experiências científicas com o relato de uma experiência de luto.


“O resultado é uma narrativa que aborda de modo imaginativo e comovente as possibilidades de lidar com o tempo, de fazer uma redenção e uma modificação do passado (e, portanto, do futuro) pela imaginação”, acrescentou.


Os autores distinguidos recebem um prémio monetário total de 300 mil reais (47,4 mil euros), divididos em 150 mil reais (23,7 mil euros) para cada um dos vencedores.


O Oceanos é realizado por via da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura do Brasil, e conta com o patrocínio do Banco Itaú e da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas de Portugal, com o apoio do Itaú Cultural, do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde e o apoio institucional da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).


O Prêmio Oceanos é administrado pela Associação Oceanos, em Portugal, e pela Oceanos Cultura, no Brasil.


Na edição do ano passado, os vencedores foram o poeta português Nuno Júdice, com “Uma colheita de silêncios”, e a escritora brasileira Micheliny Verunschk, com o romance “Caminhando com os mortos”.

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