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sábado, 14 de julho de 2012

Crise do Capitalismo: Espanhóis revoltam-se nas ruas


A reação não se fez esperar. Depois do acolhimento histórico em Madrid aos mineiros asturianos, seguido pelo anúncio dos cortes drásticos de Rajoy, os trabalhadores da Administração Pública espanhola estão nas ruas, cortam ruas e estradas, protestam, revoltam-se.

Para 19 de Julho está marcada jornada nacional de mobilização.

"Somos pessoas como as outras, comemos, temos famílias, temos de pagar despesas", declarou um funcionário público madrileno citado pela comunicação social durante uma das dezenas de manifestações espontâneas com que a Administração Pública respondeu às medidas do governo de Mariano Rajoy – muito elogiadas por Bruxelas e FMI.

A abolição do subsídio de natal, a subida do IVA em três pontos, o corte de subsídios sociais, a penalização das reformas, a redução do subsídio de desemprego no país com maior taxa de desempregados da União são algumas das principais medidas que despoletaram uma vaga de revolta imediata, convicta e sentida.

A noite de terça-feira foi histórica em Madrid, com a recepção de uma multidão de centenas de milhar de pessoas nas ruas aos mineiros asturianos na sua "marcha do carvão" ou "marcha da dignidade". Os mineiros estão esta sexta-feira no 47º dia de greve que decretaram por tempo indeterminado contra os "planos de ajustamento" do sector mineiro que pode asfixia-lo por completo e, para já, reduz praticamente a zero os custos com a segurança num trabalho de tão elevado risco.

Os planos de desinvestimento e desactivação nas minas de carvão começaram com o governo Aznar, foram aprofundadas pelo governo Zapatero, e agora Rajoy decidiu agravar em 60 por cento as medidas já gravosas do seu antecessor.

Os mineiros das bacias carboníferas das Astúrias e também os de Leão, de Aragão, de Castela e ainda de Andorra têm multiplicado desde o fim de Maio acções de luta com repercussões em todo o mundo através de cortes de estradas, resistência à intimidação da Guardia Civil e vigílias no interior de poços já carismáticos de outros combates, como os de 1934 e 1962.

Algumas horas depois de a grande jornada de acolhimento aos mineiros, o chefe do governo anunciou um novo agravamento das medidas de austeridade que já vem praticando desde Dezembro e a Administração Pública, a principal atingida, saiu imediatamente dos gabinetes e das oficinas para as ruas, praticamente em todos os ministérios. Dezenas de manifestações espontâneas convergiram para a sede do PP na Calle de Génova, depois para o Paseo de los Ricoletos, concentrando-se em frente ao Congresso dos Deputados, seguiram para o Paseo do Prado, interromperam o tráfego na Castellana para repudiar "o assalto", como lhe chamam. Em sete meses os cortes governamentais atingem os 110 mil milhões de euros, uma verba equivalente à que Rajoy pediu há dias às instituições internacionais de crédito para injectar nos bancos privados do país. Nos desfiles participaram funcionários dos mais variados sectores de actividade, incluindo bombeiros e polícias.

"O governo está a dar o nosso dinheiro aos banqueiros", disse uma manifestante ao El Pais omitindo o apelido por razões óbvias.

Durante o dia de sexta-feira as Comisiones Obreras e a UGT convocaram dezenas de manifestações e tudo indica que as acções de protesto se vão ampliando até à jornada nacional de mobilização marcada desde já para 19 de Julho, a próxima quinta-feira.

Ao contrário do que invocam os autores das medidas, a nova carga de austeridade em Espanha não "descansou os mercados". Esta sexta-feira os juros das dívidas de Espanha, Itália, Portugal, Grécia e Irlanda atingiram valores recorde, as bolsas estão em queda; e a Moody's baixou em dois escalões a dívida de Itália, apesar de o chefe do governo nomeado de Bruxelas e Berlim para Roma, Mario Monti, ser figura de inteira confiança "dos mercados".

"A crise do euro agrava-se quando deveria estar a ser contida", constatam analistas abundantemente citados.

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