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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

As abelhas estão a ficar sem tempo, alertam associações ambientais dos EUA

Em carta ao presidente Obama, onze dos principais grupos de defesa ambiental e de saúde pública dos EUA, pedem que a administração tome medidas para terminar com a situação perigosa das abelhas, causada pelo uso disseminado de neonicotinóides. 

Por Jon Queally, Common Dreams


Os neonicotinóides são especificamente danosos para as abelhas porque envenenam a planta inteira, incluindo o néctar e o pólen que as abelhas comem - Foto de nutmeg/Flickr


Numa carta destinada ao presidente Obama, onze dos principais grupos de defesa ambiental e de saúde pública, representando milhares de americanos, estão a pedir que a administração tome medidas mais fortes e rápidas para terminar com a situação perigosa dos polinizadores mais prolíficos da nação, reconhecidamente as abelhas, causada pelo uso disseminado de neonicotinóides, uma classe perigosa de pesticida.

A carta alerta Obama a que instrua a EPA (Agência de Proteção Ambiental) a suspender imediatamente o uso do neonicotinóide e tomar medidas retroativas e proativas para reduzir os seus impactos adversos.

“Abelhas e outros polinizadores são essenciais para o fornecimento de comida da nossa nação, para o sistema agrícola, economia, e meio-ambiente,” declara a carta, “mas estão em grande perigo e populações estão a diminuir mundialmente. Um órgão em crescimento de evidências científicas aponta o uso disseminado e indiscriminado da classe neurotóxica de pesticidas chamada neonicotinóide (neonics) como um fator chave na morte das abelhas.”

Especificamente, os grupos dizem que mesmo Obama tendo apontado um painel especial inter-agências, chamado Força Tarefa de Saúde Polinizadora, para estudar a saúde dos polinizadores no ano passado, esses esforços estão simplesmente a ir muito devagar e o tempo está a acabar. Mandados para assessorar a crise da mortandade das abelhas e oferecer recomendações depois de 180 dias, a Força Tarefa perdeu o prazo e indicou agora que o seu relatório pode não sair até 2016.

“Se as taxas atuais de mortandade das abelhas continuarem,” diz a carta, “é improvável que a indústria de apicultura sobreviva ao prazo estendido da EPA, colocando a nossa industria agrícola e o nosso fornecimento de comida em sério risco.”

Os neonicotinóides, os quais são frequentemente aplicados nas sementes antes da plantação, são especificamente danosos para as abelhas porque envenenam a planta inteira, incluindo o néctar e o pólen que as abelhas comem. Em doses elevadas, os neonics podem matar as abelhas diretamente, mas os cientistas descobriram que em níveis mais baixos e comuns de exposição, o pesticida afeta negativamente a habilidade das abelhas de procriar, de forragem, de lutar contra doenças e sobreviver em meses de inverno. O que é mais perturbador, de acordo com os oponentes do neonics, é como uma análise recente da EPA descobriu que o tratamento com neonicotinóide em sementes de soja, uma das monoculturas mais importantes do mundo, oferece pouco ou nenhum benefício económico aos produtores de soja.

Numa carta à Força Tarefa enviada em novembro do ano passado, mais de 100 cientistas alertaram para a necessidade de uma ação imediata contra os pesticidas que prejudicam as abelhas. “A Força Tarefa do presidente deveria ouvir o órgão de cientistas que conecta os pesticidas com os danos às abelhas e ao seu declínio,” declarou Jim Frazier, Doutor, professor emérito de entomologia na Universidade Estadual da Pensilvânia e conselheiro apicultor comercial especializado em ecologia química, que assinou a carta conjunta dos cientistas.

Em adição às ações do neonics, a carta de quinta-feira, 5 de fevereiro, também aconselha a administração Obama a fechar uma lacuna legal a qual permite a venda de outros inseticidas antes de estarem adequadamente seguros.

De acordo com os grupos - que inclui Amidos da Terra, NRDC, Greenpeace EUA, Verde para Todos, Justiça terrestre, Físicos pela Responsabilidade Social, e cinco outros - a ciência está de acordo e as apostas não poderiam ser maiores:

Diversos grupos estão a tomar medidas para restringir o uso de neonicotinóides, porque a ciência está ciente de que os pesticidas são um fator que lidera o declínio das abelhas e estão a prejudicar muitos outros organismos importantes e benéficos, incluindo pássaros, morcegos, borboletas, libélulas, crisopas, joaninhas, minhocas, mamíferos pequenos, anfíbios, insetos aquáticos e micróbios do solo - colocando a produção de comida e o meio ambiente em risco. Ainda este ano, um órgão global de 29 cientistas independentes - a Força Tarefa em Pesticidas sistémicos - reviu mais de 800 estudos publicados nos últimos 5 anos, incluindo estudos patrocinados por industrias, e apelou para uma ação reguladora imediata para restringir os neonicotinóides.

A carta chega três semanas depois de 100 comerciantes, muitos dos quais são membros do Conselho de Comércio Americano Sustentável e da Rede de Negócios América Verde, enviarem um apelo similar ao presidente pedindo ação contra o uso do pesticida e proteções polinizadoras.

Representando companhias de uma variedade de setores e indústrias, os líderes de negócios disseram que “estavam gravemente preocupados se o uso de neonicotinóides continuar a ser permitido no nosso meio ambiente em níveis atuais, essa prática terá impactos devastadores na nossa comida, ecossistemas e bem-estar económico.”

Artigo de Jon Queally, publicado em Common Dreams

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