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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Escândalo financeiro: HSBC lucrou bilhões em negócios com ditadores e traficantes de armas e diamantes

Equipe de jornalistas de 45 países descobre contas bancárias secretas mantidas para criminosos, traficantes, sonegadores, políticos e celebridades

HSBC PB Genebra
HSBC Private Bank em Genebra. Foto: Pascal Frautschi / Tamedia

Documentos secretos revelam que o gigante bancário global HSBC lucrou ao fazer negócios com traficantes de armas que forneceram morteiros para crianças-soldados na África,  ditadores do Terceiro Mundo, traficantes de diamantes de sangue e outros bandidos internacionais.

Os arquivos vazados, com base em investigações feitas na filial suíça do  private banking do HSBC, referem-se a contas de titulares de mais de US$ 100 bilhões. Eles oferecem um raro vislumbre dentro do super secreto sistema bancário suíço  - o público nunca viu antes.

Os documentos, obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos via o jornal francês Le Monde, mostram relações do banco com clientes envolvidos em um espectro de comportamento ilegal, especialmente em esconder centenas de milhões de dólares por parte das autoridades fiscais. Eles também mostram os registros particulares de jogadores de futebol famosos, jogadores de tênis, ciclistas, estrelas de rock, atores de Hollywood, membros da realeza, políticos, executivos de empresas e membros de famílias tradicionalmente ricas.. 

Estas revelações dão uma luz sobre a relação do crime internacional organizado e a finança, por outro lado aumentam o conhecimento sobre o comportamento potencialmente ilegal e antiético do HSBC, um dos maiores bancos do mundo.

Os registos das contas revelados demonstram que alguns clientes fazem viagens até Genebra (Suíça) para levantar grandes quantidades de dinheiro, às vezes em notas usadas. Os arquivos também documentam a existência de enormes somas de dinheiro detidas por traficantes de diamantes que são conhecidos por operarem em zonas de guerra e venderam pedras preciosas para financiar conflitos armados, que causam um número de mortes incalculável.  

O HSBC, que possui escritórios em 74 países e territórios, distribuídos por seis continentes, num primeiro momento insistiu com o consórcio de jornalistas para destruírem os documentos que obtiveram.

No passado mês, depois de ter sido informado de toda a extensão das conclusões da investigação jornalística, o HSBC deu uma resposta final, que foi mais conciliatória:

“Nós reconhecemos que a cultura de compliance - conjunto de disciplinas para fazer cumprir normas legais e regulamentares – e os padrões de diligências na Swiss private banking do HSBC, bem como na indústria em geral, foram significativamente menores do que são hoje”.

Na declaração escrita, o banco afirma que “deu passos significativos, ao longo dos últimos anos, para implementar reformas e excluir clientes que não encaixam nos novos padrões rigorosos do HSBC, incluindo aqueles em que tivemos preocupações em relação ao seu cumprimento de obrigações fiscais”.

O banco acrescentou que reorientou este seu ramo de negócios. “Como resultado deste reposicionamento, o Swiss private banking HSBC reduziu a sua base de clientes em quase 70% desde 2007”.

Os bancos esconderem dinheiro em paraísos fiscais tem enormes implicações para as sociedades em todo o mundo. Estimativas conservadores feitas por acadêmicos apontam que cerca de 7.6 bilhões de dólares encontram-se em offshores, custando cerca de 200 mil milhões de euros aos tesouros nacionais.

“A indústria offshore é uma grande ameaça para as nossas instituições democráticas e para nosso contrato social básico”, afirma o economista francês Thomas Piketty, autor de O Capital no século XXI. “A opacidade financeira é um dos principais motores do aumento da desigualdade no mundo inteiro. Permite que uma grande dos mais ricos e dos grandes grupos econômicos paguem impostos insignificantes, enquanto nós pagamos impostos elevados, para financiar bens e serviços (educação, saúde, infraestruturas), que são indispensáveis para o desenvolvimento”.  

Matéria completa em inglês: http://www.icij.org/project/swiss-leaks/banking-giant-hsbc-sheltered-murky-cash-linked-dictators-and-arms-dealers

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