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terça-feira, 30 de outubro de 2018

Energia renovável deve responder por 50% da eletricidade mundial até 2050

Artigo de José Eustáquio Diniz Alves

“Assim como a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras,
a Era do Petróleo chegará ao fim, não por falta de óleo”
(Sheikh Ahmed-Zaki Yamani, 2000)

matriz energética global

O novo relatório da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) – New Energy Outlook (NEO) para 2018 – traz boas notícias para a indústria de energia renovável, com previsão de que a energia eólica e solar aumente sua participação na matriz energética global para cerca de 50% até 2050. No mesmo período, o carvão deve encolher para 11% da geração global de eletricidade e as baterias para aumentar em popularidade como os preços despencam.
O relatório NEO-2018 traz, além das boas novas para as indústrias eólica e solar, destaca o impacto promissor da queda dos custos da bateria e o impacto tem sobre o mix de eletricidade ao longo das próximas décadas. Especificamente, a BNEF prevê que os preços das baterias de lítio-íon, que já despencaram 80% por megawatt-hora (MWh) desde 2010 – continuarão a cair à medida que o setor de veículos elétricos mantenha o crescimento projetado.
A BNEF estima que US$ 548 bilhões serão investidos em capacidade de armazenamento de energia em baterias, até 2050. Considerando que o armazenamento barato por meio de baterias significará a viabilidade para a utilização de eletricidade a partir do vento e da energia solar, contornando os problemas da intermitência do fornecimento destas fontes que são sujeitas à falta de sol ou de vento. O resultado será o crescimento das energias renováveis e o abandono progressivo do carvão, petróleo, gás e energia nuclear.
Para a indústria solar em particular, a BNEF está prevendo um aumento de 17 vezes na capacidade global e o custo nivelado da eletricidade (LCoE) cairá mais 71% até 2050, já tendo caído 77% entre 2009 e 2018. A indústria eólica vai beneficiar de um aumento de seis vezes na capacidade e ver a sua própria LCoE cair mais 58%, face ao decréscimo de 41% observado na década anterior.
Além disso, a BNEF prevê que o setor elétrico global aumentará suas emissões de 2017 até um pico em 2027. Em seguida, as emissões devem cair até 2050. Infelizmente, isso ainda significa que o setor elétrico não cumprirá sua parte esforço para manter os níveis globais de CO2 abaixo de 450 partes por milhão (ppm), o nível equivalente a um aumento nas temperaturas globais de apenas 2 graus Celsius, conforme estabelecido no Acordo de Paris.
Porém, mesmo que fosse possível desativar todas as usinas de carvão do mundo até 2035, o setor de energia ainda não estaria trilhando o caminho acima de uma trajetória de segurança climática. O último relatório do IPCC mostra que a humanidade só tem 12 anos para reverter as emissões de gases de efeito estufa.
Ou seja, a transição energética é fundamental para a segurança climática, mas no ritmo atual – mesmo sendo o mais rápido de todos os tempos – o aumento da temperatura do Planeta poderá, ainda assim, chegar em um nível que os custos serão muito maiores do que os benefícios.
Se este processo de transição não for acelerado o mundo pode perder o controle sobre o clima devido aos efeitos de retroalimentação e pode assistir a um colapso ambiental de grandes proporções já na metade do século XXI.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Referência:
Bloomberg New Energy Finance (BNEF) – New Energy Outlook (NEO), 2018


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/10/2018

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