Luiz Rodrigues - A pandemia do novo Coronavírus impactou a indústria do Turismo e de eventos no mundo inteiro, não havendo medicamentos capazes de impedir a multiplicação do Sars-Cov-2 nas células humanas, muito menos uma vacina capaz de dar imunidade à humanidade ao patógeno, apenas em fase de testes em alguns países, inclusive no Brasil, a medida mais eficaz que se tem em mãos é o distanciamento social, daí que inúmeros eventos tradicionais aqui da região Nordeste tenham sido cancelados ou adiados neste ano, casos do São João de Mossoró e de Campina Grande, respectivamente. Com relação a Festa de Sant`Ana de Caicó, evento de mais de dois séculos de história, a tendência é o cancelamento.
A festa de Sant’Ana de Caicó acontece anualmente sempre a partir da quinta-feira que antecede o dia 26 de julho, dia de Sant’Ana no calendário litúrgico, e se encerra com uma grande procissão no domingo subseqüente, totalizando 10 dias de comemorações.
O início dos festejos tem sua data inicial associada à instalação da freguesia, em 1748. Ao longo destes mais de 270 anos, a festa de Sant’Ana de Caicó teve diversas composições cerimoniais. Não existem muitos registros que indiquem como a festa acontecia, mas acredita-se que a fundação da Irmandade de Sant’ Ana, em 1754, além de ter assumido a sustentação econômica da festa, tenha também conferido maior solenidade ao evento, passando, em 1777, a ser regulamentada por normas de conduta.
Em 3 de agosto de 1890 o Jornal O POVO noticiava da seguinte maneira o encerramento da Festa:
Em 3 de agosto de 1890 o Jornal O POVO noticiava da seguinte maneira o encerramento da Festa:
Terminaram em plena paz no dia 27 do passado, os festejos da Gloriosa Senhora Santana, padroeira desta paróquia. A concorrência do povo excedeu à expectativa. As novenas foram abrilhantadas com fogos de artifício salientando-se a 7ª 8ª e 9ª em que eles mais abundaram, queimando-se 12 a 14 peças em cada uma. Houve missa solene nos dias 25 26 e 27 com procissão à tarde no último dia.
As festas de santo no sertão, além de manifestações religiosas e de devoção, sempre foram espaços voltados para a sociabilidade, congraçamento e educação. Ao mesmo tempo em que se realizam missas, novenas e procissões, ocorrem eventos voltados à diversão como bailes, jantares, apresentações musicais e instalação de parques de diversões.
Há apenas pouco mais de dois meses para o início do evento, em meio a uma fase que ainda antecede o pico da epidemia, é muito pouco provável que haja condições para a realização da festa neste ano de 2020. Já se fala no Brasil da grande probabilidade de que o Carnaval de 2021 não possa ser realizado, a menos que haja uma vacina até lá, o que é também improvável, já que além de desenvolver ainda se teria que fazer a campanha de vacinação em todo o território nacional.
Nestes quase três séculos de evento, a Festa de Sant`Ana deve ter tido como pior adversidade os desastres causados pelas estiagens prolongadas no Sertão, apesar de ocorrer numa fase pouco depois do período chuvoso no semi-árido nordestino, época de clima ameno, que propiciou o êxito seu, da mesma forma que ocorreu com as celebrações do São João no Nordeste. Secas como a de 1877, 1915, 1958, 1970 etc, devem ter sido evocadas nas cerimônias religiosas do evento. Não disponho de registros que haja sido cancelada em algum ano.
Uma alternativa para a diocese é realizar apenas a parte religiosa do evento de forma online, como vem fazendo o próprio Vaticano, ou realizar em conjunto com a Festa do Rosário em uma data em que já tenha havido a amenização do contágio da Covid-19.

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