Yahoo Notícias - Em seu depoimento de mais de oito horas no sábado, o o ex-ministro da Justiça Sergio Moro indicou à Polícia Federal a existência de pelo menos sete provas de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir indevidamente na PF, incluindo na demissão do então diretor-geral da PF Maurício Valeixo, pessoa da confiança de Moro. As informações são do jornal O Globo.
Bolsonaro nomeou nesta segunda um novo diretor-geral para a PF, o delegado Rolando Alexandre de Souza, braço direito de Alexandre Ramagem, o nome inicialmente nomeado pelo presidente para o comando da PF mas barrado por decisão do ministro Alexandre de Moraes. O ministro do STF entendeu haver desvio de finalidade na nomeação com base as acusações feitas por Moro.
Dentre essas provas Moro citou que ministros da ala militar - Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) - foram testemunhas das pressões de Bolsonaro sobre a PF.
Esse assunto gerou pedido de inquérito do procurador-geral da República Augusto Aras e logo foi aceito pelo Supremo Tribunal Federal.
Caso realmente se comprovem as acusações do ex-ministro, esses elementos podem demonstrar a prática de irregularidades por parte de Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Fazem parte desse conjunto de provas elementos entregues por Moro e a indicação de testemunhas e documentos para essa investigação.
O principal elemento é o celular de Moro, entregue aos investigadores para cópia do conteúdo das conversas com Bolsonaro e com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). Como o ex-ministro apagava suas mensagens por temer um novo ataque hacker, as conversas são relativas a um período de aproximadamente 15 dias.
Moro entregou o conteúdo integral do seu aparelho, mas a análise preliminar da PF não detectou informações relevantes para o inquérito.
Dentre as mensagens trocadas entre Moro e o presidente, a perícia confirmou o diálogo no qual Bolsonaro manifesta a Moro uma preocupação com inquérito em curso no STF sobre fake news que poderia atingir deputados bolsonaristas.
Sergio Moro apontou também a existência de provas documentais tanto dentro da Polícia Federal como na Agência Brasileira de Inteligência que comprovam o envio de relatórios de inteligência destinados à tomada de decisões pelo presidente, o que desmentiria o próprio Bolsonaro - ele falou que não tinha acesso a esse tipo de informação.
O ministro Celso de Mello autorizou a abertura deste inquérito após o pedido feito por Aras. Agora, caberá à PGR indicar nesta segunda (4) a realização de novas diligências pela PF para dar prosseguimento aos trabalhos.

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