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sábado, 23 de outubro de 2021

Pelo menos 35 mil crianças e adolescentes foram mortos no Brasil em cinco anos



Pelo menos 35 mil crianças e adolescentes com idade até aos 19 anos foram mortas de forma violenta no Brasil, uma média de sete mil por ano, entre 2016 e 2020, segundo um levantamento divulgado nesta sexta-feira (22).


A informação consta no “Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil”, realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com uma análise inédita dos boletins de ocorrência das 27 estados do país.


O levantamento também destacou que entre os anos de 2017 a 2020, 180 mil brasileiros na mesma faixa etária sofreram violência sexual – uma média de 45 mil por ano.


“A violência [no Brasil] se dá de forma diferente de acordo com a idade da vítima. Crianças morrem, com frequência, em decorrência da violência doméstica, perpetrada por um agressor conhecido”, lê-se no documento.


“O mesmo vale para a violência sexual contra elas, cometida dentro de casa, por pessoas próximas. Já os adolescentes morrem, maioritariamente, fora de casa, vítimas da violência armada urbana e do racismo”, acrescentou.


Os dados recolhidos indicaram que a maioria das vítimas de mortes violentas até aos 19 anos são os adolescentes.


Assim, das 35 mil mortes violentas de pessoas até 19 anos identificadas nos últimos cinco anos no país sul-americano, mais de 31 mil tinham entre 15 e 19 anos.


No entanto, o número de crianças de até 4 anos vítimas de violência letal aumentou.


Entre 2016 e 2020, foram identificadas pelo menos 1.070 mortes violentas de crianças de até 9 anos no Brasil. Em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19, foram 213 crianças dessa faixa etária mortas de forma violenta.


“A violência contra a criança acontece, principalmente, em casa. A violência contra adolescentes acontece na rua, com foco em meninos negros. Embora sejam fenômenos complementares e simultâneos, é crucial entendê-los também em suas diferenças, para desenhar políticas públicas efetivas de prevenção e resposta às violências”, afirmou Florence Bauer, representante da Unicef no Brasil num comunicado sobre o levantamento.


O documento informou que no total de crianças de até 9 anos mortas de forma violenta no Brasil, 56% eram negras, 33% das vítimas eram meninas, 40% morreram dentro de casa, 46% das mortes ocorreram pelo uso de arma de fogo, e 28% pelo uso de armas brancas ou por agressão física.


Já entre os adolescentes, as mortes violentas têm alvo específico: mais de 90% das vítimas são meninos, e 80% são negros.


O número de mortes violentas de adolescentes de 15 a 19 anos caiu de 6.505 em 2016 para 4.481 em 2020, nos 18 estados brasileiros em que há dados completos de série histórica.


Segundo o documento, em 2020, nos 24 estados brasileiros em que há dados, um total de 787 mortes de crianças e adolescentes de 10 a 19 anos foram identificadas como mortes decorrentes de intervenção policial.


Esse número representa 15% do total das mortes violentas intencionais nessa faixa etária, e indica uma média de mais de duas mortes por dia no Brasil.

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