Será lançado no próximo dia 27 de maio no Salão Nobre da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte o livro “Gentil, verás que um filho teu não foge à luta”, de autoria de Teresa Oliveira. A autora é filha do médico Gentil Oliveira, assassinado em 25 de maio 1989 na cidade de Alexandria, pequena cidade da Região Oeste Potiguar, bem na "tromba do elefante", com pouco mais de 13 mil moradores, conhecida também como "terra da barriguda", em alusão à serra que possui uma formação rochosa com formato de ser uma notória barriga. Gentil havia sido candidato a prefeito de Alexandria nas eleições de 1988, tendo sido derrotado e presidia o diretório do MDB local.
O crime é uma longa trajetória de impunidade e erros judiciários, tendo havido anulação do primeiro júri realizado em 2011, 22 anos depois do crime, por falha técnica do poder judiciário, uma longa demora em prender os acusados e em realizar o julgamento. Lembremos de Rui Barbosa: "Justiça tardia nada mais é do que injustiça institucionalizada".
Não tive acesso à leitura do livro, ao que pude ver se trata de recordações da filha em razão da ausência paterna e, com essa questão de impunidade.
A poetisa Constância, que participa do livro trazendo a apresentação da autora, escreve o poema Farol de Alexandria, um soneto que, certamente, resume o sentimento do livro. Inteligência poética, fazendo a metáfora com o farol (uma das sete maravilhas do mundo antigo) da importante cidade da antiguidade (nome da pequena cidade potiguar) construída em honra de Alexandre Magno, que por sinal ficou notória pela sua biblioteca:
Farol de Alexandria
O doutor e Farol de Alexandria
Espalhou confiança no Amanhã.
Cada vez que seu povo ele atendia,
Paciente se tornava também fã.
Ele foi, mas ficou sendo poesia.
A mulher foi o sol de sua manhã!
Conterrâneo era noite e era dia,
Pra Gentil eram todos de seu clã.
Uma dor, três meninos, três irmãos,
A saudade apertando as suas mãos,
De mãos dadas estão feito criança.
Quando querem: saber quem são aqueles?",
Eles logo recordam do pai deles:
'Nós três somos os filhos da esperança..."
(Constância Uchôa)
Nenhum comentário:
Postar um comentário