O ex-candidato presidencial brasileiro Ciro Gomes, do Partido Democrata Trabalhista (PDT), disse na sexta-feira (12) que o Governo de Lula da Silva estava informado sobre o que poderia acontecer no dia 08 de janeiro em Brasília e "não tomou nenhuma iniciativa".
Em declarações após uma palestra, na Faculdade de Direito de Lisboa, Ciro Gomes afirmou que "o Governo Lula estava informado do assunto e não realizou nenhuma iniciativa para prevenir ou reprimir" a invasão dos três poderes, que ocorreu em Brasília em 08 de janeiro, porque isso acabou por beneficiar a sua imagem.
"Porquê? Porque imediatamente se acendeu aquilo que já se tinha visto acontecer nos Estados Unidos. Houve uma reação da sociedade muito favorável ao Lula", disse, referindo-se ao atual Presidente do Brasil e seu opositor nas urnas nas anteriores eleições presidenciais brasileiras, realizadas em outubro de 2022.
“É impossível um movimento daquele tamanho, com aquelas características, que a inteligência [serviços de informações] não soubesse, impossível. Eu conheço Brasília e é uma cidade artificial, plano piloto, então todos os hotéis são obrigados a informar. (...) Então, quando a lotação dos hotéis populares aumenta de forma atípica (...) as pessoas ligam à inteligência", apontou.
E, segundo o ex-candidato, hoje sabe-se que "houve muitos relatórios de inteligência a avisar, talvez não com aquela proporção, com aquele nível de gravidade", mas alertando para o assunto.
Para Ciro Gomes, o que aconteceu naquele dia em Brasília não foi terrorismo, mas "vandalismo, que é grave”, e a “motivação era golpista".
Por isso, defendeu que têm de se prender "os financiadores".
Quando questionado se já tinha falado com o atual Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a invasão dos três poderes em Brasília por apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu concorrente nas anteriores eleições brasileiras, Ciro Gomes garantiu que não.
Durante a palestra sobre o futuro do Brasil, o ex-candidato sublinhou que andava “preocupado com o Brasil”.
“É hora de dizer que a democracia brasileira fracassou e está fracassando”, afirmou.
Em grande parte porque a economia deixou de crescer, o problema “sócio-económico”, como lhe chamou. “Viramo-nos todos uns contra os outros”, acrescentou.
Neste contexto, defendeu que um dos maiores riscos que o Brasil corre é o de vir a ter uma direita “não caricata”.
Mas acredita que o Brasil ainda pode mudar, porque “ao contrário de nações irmãs ainda tem massa crítica humana para mudar”.
Ciro Gomes, ex-candidato à Presidência do Brasil esteve na Faculdade de Direito, onde liderou uma palestra acerca do futuro do Brasil, com a presença do eurodeputado independente Francisco Guerreiro (Verdes/ALE).
A abertura da sessão contou também com a participação da diretora da Faculdade de Direito de Lisboa, Paula Vaz Freire.
O candidato Ciro Gomes (PDT) encerrou sua participação na disputa presidencial de 02 de outubro de 2022 em quarto lugar, com 3,05% dos votos, atrás da então também candidata Simone Tebet (MDB), que concorreu à presidência pela primeira vez e terminou com 4,18%.
Nas eleições presidenciais de 2018, Ciro Gomes conseguiu um resultado melhor, alcançando 12,47% dos votos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário