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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

“A transição energética é uma soma, não vai substituir modelos produtivos”

A afirmação é de especialista em desenvolvimento sustentável no segundo dia da Conferência Amazônia e Novas Economias, evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM)



 

A Conferência Amazônia e Novas Economias, que se encerra hoje (01.09), em Belém, está abordando as mais importantes questões que envolvem a agenda climática brasileira e sua participação na transição energética mundial. Em palestra realizada na tarde de ontem (30.08), Tony Blair defendeu a criação de um plano estratégico para a Amazônia. “É preciso um plano estratégico de credibilidade, que inclua novas soluções tecnológicas e formas de financiamento para o combate às mudanças climáticas", afirmou o ex-primeiro ministro.
 

Nos painéis temáticos, especialistas têm insistido em um olhar sobre os processos produtivos das chamadas novas economias, que vão muito além da substituição de produtos. “A bioeconomia é menos sobre produtos e mais sobre processos. Nesse novo arranjo da economia, o açaí, o óleo de palma, a castanha, podem integrar esse novo modelo, caso seu processo de exploração seja feito de uma forma específica, respeitando o equilíbrio ambiental, o território e com um olhar para as desigualdades sociais”, afirma Bruno Gomes, integrante da curadoria técnica do evento. Apenas substituir um campo de soja por um de óleo de palma não significa avançar na direção da bioeconomia.

 

Outro ponto que vem sendo trabalhado na Conferência é um olhar para a transição energética como uma soma de mercados, e não uma substituição. “Não se trata de acabar com o agronegócio, com a pecuária ou com a mineração, em benefícios das bioeconomias ou modelos baseados na natureza, mas somar arranjos produtivos novos, que ainda precisam crescer e ganhar escala, com setores tradicionais”, reforça. E neste processo, tanto a bioeconomia quanto os modelos de negócios tradicionais irão se transformar, se adaptando para coexistir em novos modelos econômicos e sociais.
 

A importância ecológica do Brasil frente ao mundo tem sido outro ponto forte do encontro, que conta com a presença de Tony Blair, Ban ki Moon e diversas autoridades brasileiras. Especialmente no caso da Amazônia, o potencial ganho de escala da bioeconomia acabará assumindo uma incidência sobre a segurança climática do mundo. O evento termina hoje, sexta-feira, 01.09, com palestra do ex-presidente da Colômbia (2018-2022), Iván Duque.


 

Bruno Gomes, sociólogo pela Sorbonne e mestre em geopolítica, sócio fundador e coordenador institucional da Humana, agência especializada em desenvolvimento territorial e sustentabilidade. Atuou em mais de 50 municípios brasileiros em projetos voltados ao desenvolvimento socioeconômico, reunindo poder público, empresas e sociedade civil em parcerias público-privadas.

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