Allan Augusto Gallo Antonio é professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE).
A Argentina, uma nação rica em recursos naturais e marcada por uma cultura pujante, enfrenta um flagelo que perdura no tempo, impactando milhões de pessoas. A pobreza, que afeta 40,1% da população, e uma inflação crônica têm raízes profundas em décadas de decisões econômicas problemáticas e um persistente cenário político populista.
A história dessa crise remonta a 1946, quando Juan Domingo Perón foi eleito. No início, suas políticas buscavam melhorar a vida dos trabalhadores, mas acabaram levando a medidas protecionistas e intervenções estatais que isolaram a economia argentina do resto do mundo, minando sua competitividade e a possibilidades de inovação considerável no longo prazo.
A persistência do populismo na política do país resultou em gastos governamentais excessivos. Subsídios generosos, como os US$ 12,5 bilhões gastos em fornecimento subsidiado de energia elétrica em 2022, e um grande número de funcionários públicos, cerca de 20% da população, contribuem para um déficit fiscal que persiste há anos. O financiamento desse déficit pelo governo, seja por impressão de dinheiro ou empréstimos, tem causado a desvalorização da moeda, afetando o poder de compra dos cidadãos, principalmente os mais vulneráveis.
A saída desse ciclo vicioso exige medidas difíceis, como a redução de subsídios e a diminuição do déficit fiscal. No entanto, essas ações, embora necessárias para uma recuperação a longo prazo, infelizmente aumentarão a inflação no curto prazo. Além disso, a Argentina está sobrecarregada por dívidas, recorrendo a empréstimos internacionais, inclusive aqueles do FMI, o que perpetua a dependência e o endividamento.
O país enfrenta um futuro incerto, com desafios econômicos interligados. Superar essa crise requer não apenas reformas econômicas profundas, mas também uma transformação fundamental na abordagem política. Embora as soluções possam ser difíceis de aceitar a curto prazo, elas são vitais para estabelecer uma base sólida para um futuro mais estável e próspero para todos os argentinos. Somente com a implementação de políticas responsáveis e sustentáveis no longo prazo, o país poderá romper o ciclo de pobreza e a instabilidade que o aflige.
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