Disco Chico Lobo 60 Anos traz as participações luxuosas de Maria Bethânia, Renato Teixeira, Zeca Baleiro, Roberto Mendes, Claudio Venturini, Marcus Viana e MPB-4 entre outros
O respeitado e celebrado músico Chico Lobo chega em 2023 aos seus 60 anos de vida e mais de 40 dedicados a viola. E para comemorar esta data tão especial lança pela produtora e gravadora Kuarup o seu 28°álbum, Chico Lobo 60 Anos. Para o incansável violeiro esse novo trabalho é quase uma autobiografia de sonhos, desejos, estradas e sentimentos, que marcam sua vida. As músicas compostas para esse álbum trazem uma reflexão profunda de Chico sobre seus passos, sobre suas estradas, desde que saiu de sua cidade natal de São João Del Rei na década de 80, mudando-se para Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, que foi ponto de partida para percorrer o chão mineiro, brasileiro e de tantos países pelo mundo afora, com os sons de sua viola.
Ao passear por ritmos bens regionais, revendo a origem de seu trabalho e também dialogar com a música popular brasileira e o folk, ele nos apresenta a riqueza e a pluralidade de sua obra, tradição e contemporaneidade, que tecem um belíssimo diálogo. Decidido a se cercar de referências, que o fizeram ser o violeiro que hoje é, o álbum traz participações luxuosas de Maria Bethânia, MPB-4, Renato Teixeira, Zeca Baleiro, Roberto Mendes, os mineiros Cláudio Venturini, Marcus Viana, Renato Boechat e Genésio Tocantins, além de apresentar a aclamada dupla caipira Elcio Dias & Amorim, de São Paulo. Outra presença especial no álbum é o cantor português Pedro Mestre, parceiro de Chico Lobo, amizade conquistada a muitos anos, fruto do intercâmbio do violeiro mineiro em festivais de viola em Portugal e no Brasil.
O disco Chico Lobo 60 Anos, que tem lançamento marcado para dia 10 de novembro nas plataformas digitais e em edição física, conta com a produção musical impecável do parceiro e produtor Ricardo Gomes, que assina também os arranjos, baixos, violões, teclados, vocais. Conta com a presença de músicos companheiros de estrada: Leo Pires na bateria, Carlinhos Ferreira na percussão, Marcelo Fonseca nas cordas, Marcelo Sylvah nos violões de aço e os vocais de Gih Saldanha. Produzido e distribuído pela Kuarup, que Lobo considera sua casa musical, o álbum está sendo lançado nas plataformas digitais e também em edição física comemorativa. Chico Lobo 60 Anos mergulha na sua história, se conecta com a atualidade e ressalta sentimentos de esperança, resiliência, amor, amizade e deixa claro, que ainda há muito pra se fazer. Uma celebração justa e comemorada por Chico Lobo, um artista tão ativo e incansável da música brasileira. E quem ganha é o público. A seguir o violeiro conta sobre a criação de cada música e sobre os convidados.
Faixa a faixa
1- Benvirá - cantiga que abre o álbum e tem um apelo pela valorização da terra, da união do homem do campo. Uma referência de Chico Lobo ao disco Das Terras do Benvirá, de Geraldo Vandré lançado em 1973. Traz a participação especial do MPB4, grupo vocal brasileiro, formado em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1965, banda importante e necessária para música brasileira e para a força da mensagem de Benvirá. Nessa cantiga, Lobo também fez uma pequena citação à revolução dos cravos em Portugal, que aconteceu 25 de abril de 1974 e que derrubou a ditadura de Salazar. "Seguir na estrada que me leva pra casa, com cravos a me enfeitar"
2- Hoje Amanheci Em Paz - é uma belíssima balada que namora com o folk, uma reflexão de Chico Lobo sobre seu estado de espírito após seus mais de 40 anos de viola nas estradas, "A vida é estrada longa, trilha de se cumprir". É também uma canção que celebra o pós-pandemia e a forma como o artista venceu as dificuldades. Tem a voz potente e ao mesmo tempo lírica de Zeca Baleiro, um dos principais artistas da música brasileira atual, parceiro e amigo do violeiro já de longa data. Um encontro mágico.
3- Viola, Verso e Canção - é uma parceria de Chico Lobo com o poeta e educador Jorge Nelson. Um batuque mineiro, que ganha ares de chula do recôncavo baiano, com a presença fantástica do mestre Roberto Mendes, nascido em Santo Amaro da Purificação, onde reside até hoje. Artista respeitado por todos e para Chico Lobo um mestre, que ele admira a muito tempo. Juntar a viola, o violino arrabecado do músico Marcelo Fonseca, com a voz e o violão inconfundível de Roberto Mendes, rendeu à música, toda uma atmosfera de festa de mutirão.
4- Vida Bela - é a história em versos de música sobre o relacionamento do violeiro Chico Lobo com Angela Lopes, sua produtora a 29 anos e esposa a 28. Relação que foi construída nas cordas da viola. Tem a participação de Tuia, artista da nova geração do folk, do pop, que Lobo conheceu nos encontros em São Paulo, na casa da Kuarup. A voz de Tuia, deu a essa canção, a força que ela precisava para essa declaração de amor. "Hoje a vida é mais calma, estamos juntinhos assim. Envelhecendo com o tempo, lado a lado plantamos jardins"
5- Alma Barroca - composição de Chico Lobo em parceria com Thales Martinez, tem a participação especial do cantor Renato Teixeira, por quem o violeiro tem grande admiração e afeto. A canção é quase uma autobiografia de seus sonhos e desejos. Sentimento de gratidão, que marca sua vida, uma reflexão profunda de Chico, sobre suas estradas, desde que saiu de sua cidade natal São João Del Rei, na década de 80, mudando-se para Belo Horizonte, capital de Minas Gerais e assim se pôs a percorrer o chão mineiro, brasileiro e de tantos países mundo afora. Cantiga que aproxima o rural da cidade grande.
6- Meu Primeiro Amor - um clássico da música de raiz, é única regravação do álbum. Chico Lobo tem a memória afetiva de ouvi-la criança em casa, por ser a música que seu pai Aldo Lobo e sua mãe Nieta, cantavam em casa e nas serestas. Nesse Chico Lobo 60 Anos, ela vem como uma homenagem às suas raízes. E para cantar ao som de sua viola, só poderia ser a voz de quem Lobo considera a maior cantora do Brasil, Maria Bethânia. Os dois já havia se juntado em 2016 na faixa Maria do álbum Viola de Mutirão. "Para mim foi uma emoção sem fim quando Bethânia delicadamente aceitou cantar novamente ao som de minha viola. Um presente para os meus 60 anos." Assim diz Chico Lobo.
7- Violas de Minha Terra Canção - é uma parceria de Chico Lobo com Marcus Viana, reconhecido artista mineiro, compositor de inúmeras trilhas, que povoam nossos corações e que já o havia convidado várias vezes para colocar viola em suas trilhas. Lobo tece a letra para uma melodia linda de Marcus Viana, a qual o violeiro definiu como uma pequena rapsódia caipira. Aos sons de suas violas se juntam os arranjos de teclado e violinos inconfundíveis de Marcus Viana.
8- Nascente de Rio - canção de Chico Lobo, que mergulha nas belezas de Minas Gerais. Tem uma forte influência do rock rural, marca da banda 14 Bis, formada em 1979, na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, pelos irmãos Flávio e Cláudio Venturini, Hely Rodrigues, Vermelho e Sérgio Magrão. E assim Lobo convida o músico Cláudio Venturini, que com sua voz doce e marcante, e sua guitarra precisa, se junta ao violeiro, para cantarem suas montanhas e nascentes musicais. "Nessas montanhas de Minas, o nosso amor, a nossa sina é nascente de rio".
9- Trovador de Sonhos - é a música que define a sina de Chico Lobo, ao entender que a vida " é doce mistério", "sou um trovador de sonhos". Lobo, nos apresenta como participação seu amigo de fé, o cantor e compositor Renato Boechat, natural de Governador Valadares, interior de Minas Gerais, e dono de uma bela e possante voz, de quem transita pelo rock, folk e MPB. Música que tem um belíssimo arranjo de cordas de Ricardo Gomes, produtor do álbum e executado nos violinos dobrados de Marcelo Fonseca. Destaca-se o belo vocal de Gih Saldanha.
10- Frutos da Terra - uma canção lírica, com forte influência ibérica, que Chico Lobo compôs em uma de suas várias idas a Portugal. Ela se funde a um tema tradicional do Alentejo, Lírio Roxo. Nas comemorações de seus 60 anos, não poderia faltar a presença de seu parceiro e amigo português Pedro Mestre, um dos principais artistas da música tradicional portuguesa, ganhador do Prêmio Carlos Paredes, dono de uma voz forte e que empunha a viola campaniça, uma viola de arame da região do Alentejo. Juntos também temos as presenças dos portugueses Pedro Calado, Luis Baldão e Miguel Carreira. Destaque para o belo violino de Marcelo Fonseca.
11- Roçado - parceria de Chico Lobo com Marília Abduani, nos apresenta a textura e o colorido festivo das folias e reisados. Com uma percussão forte de Carlinhos Ferreira, junto a bateria de Léo Pires e o belo vocal de Gih Saldanha, traz o ritmo do regionalismo mineiro. E num encontro de culturas, tem a participação de Genésio Tocantins, um dos principais artistas do estado que ele leva no nome. Genésio aprendeu com o pai a cantar versos, em feiras de sua região de nascimento e com a mãe frequentou rodas de folias onde aprendeu cantos do divino. Aí se entende esse forte encontro de Chico Lobo e Genésio Tocantins.
12- Harmonia - é uma autêntica toada caipira, uma homenagem de Chico Lobo para o cantor, compositor e apresentador Rolando Boldrin. "Eu queria fazer uma toada que me lembrasse das modas, que eu e papai Aldo Lobo, cantávamos dos discos lançados por Seu Boldrin". Desta forma Chico Lobo convida a dupla de Embu das Artes, São Paulo, Élcio Dias & Amorim, artistas da Kuarup, para participarem da música. Para Lobo eles são a dupla herdeira da musicalidade linda de Pena Branca & Xavantinho. O resultado é emocionante e descortina fortemente as raízes do violeiro.
13- Filho É Feito Pro Mundo - cantiga com ares de xote e reggae. Chico Lobo fez para seu filho Tomás, que nesse ano de 2023, saiu de sua casa em Belo Horizonte, para cursar Educação Física na Universidade Federal de São João Del Rei, terra natal do pai e assim ele vem recuperar as raízes. Chico Lobo se despede do filho e canta "Quando eu era jovem saí de casa... Hoje chegou a sua vez, filho, não relute um segundo". Assim o nosso violeiro mineiro do mundo encerra o álbum Chico Lobo 60 Anos, na homenagem do pai ao filho que inicia sua vida, seus sonhos. Como há mais de 40 anos, Chico Lobo saiu de sua terra, para viver de suas cantorias.
Sobre Chico Lobo
Natural de São João Del Rey o violeiro Chico Lobo tem mais de 40 anos de carreira e é considerado pela crítica como um dos artistas mais atuantes no cenário nacional na divulgação e valorização da cultura de raiz brasileira. Com 27 CDs lançados, dois DVDs, livro e shows por todo o Brasil e diversos países como Portugal, Itália, China, Canadá, Argentina, Chile, Colômbia, o músico canta suas raízes e as conecta com nossa contemporaneidade. Folias, catiras, modas, batuques, causos e toques de viola, desfilam com alegria em suas apresentações. Venceu por quatro vezes consecutivas (2015, 2016, 2017 e 2021) o Prêmio Profissionais da Música como Melhor Artista Regional, prêmio que acontece anualmente em Brasília. O artista mantém em sua cidade natal o Instituto Chico Lobo, que desenvolve projeto de ensino de viola e cultura raiz para as crianças das zonas rurais na cidade mineira de São João Del Rey. Desde 2006 Chico Lobo mantém relação artística com Portugal no Encontro de Violas em parceria com o músico e parceiro português Pedro Mestre, representante maior da viola campaniça da região do Alentejo. Esse encontro gerou o CD Encontro de Violas e o DVD De Minas ao Alentejo dando vida a um encontro ainda maior que já vai para a 11° edição do Encontro de Violas de Arame. Chico Lobo, o representante brasileiro nesses encontros, já trouxe duas edições presenciais ao Brasil e uma virtual. Amizade e partilha pelas cordas da viola que une Brasil e Portugal. Em 2015 Maria Bethânia escolheu sua cantiga Criação, para compor o repertório de seu show e DVD Abraçar e Agradecer, comemorando os 50 anos de carreira. Depois Bethânia, gravou participação no álbum Viola de Mutirão, cantando a moda de viola Maria, que Chico Lobo fez em sua homenagem. Apresentador de TV, de rádio, produtor musical, escritor, cantor, o violeiro inquieto faz com que sua obra torne a aldeia global mais caipira.
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